Nunca tantos nomes importantes da história da música de concerto fizeram parte do mesmo evento em Gravatá, cidade do interior de Pernambuco, a duas horas da capital. A BR Press entrevistou com exclusividade Ana Lúcia Altino, a produtora do Festival Virtuosi de Gravatá. Pianista e casada com o maestro chileno Rafael Garcia, Ana é a maior responsável por divulgar e desenvolver a cultura da música de concerto em Pernambuco. A seguir, ela conta às motivações que a levaram a produzir este evento e seus pensamentos para o futuro da música de concerto no Brasil.
Por que a escolha de Gravatá?
Ana Lúcia Altino – Gravatá é uma cidade que tem todas as características de Campos do Jordão (SP) nos anos 70, quando ali se iniciou o Festival de Inverno. Clima de montanha associado a uma arquitetura típica de chalés alpinos faz de Gravatá uma cidade para descanso e turismo. É um ambiente propício para realização de um grande festival de música clássica.
Qual sua inspiração e motivação ao criar um festival deste nível no interior do estado?
Ana Lúcia Altino – Levar o melhor da música clássica para todos. Esta foi sempre a nossa motivação. Se fosse possível realizaríamos um festival deste nível em todas as regiões do Estado. Quanto mais, melhor. O fato de se democratizar o acesso ao bem cultural não deve permitir que esse bem seja mostrado de qualquer forma. Se a idéia é formar platéia, permitir que um número de pessoas tenha acesso à música erudita, é importante que se faça da melhor maneira possível, com qualidade. Esse primeiro contato do leigo com a arte tem que ser significativo, tem que sensibilizar cada um para que ele goste e queira mais. Somente o verdadeiro artista consegue fazer isso.
Como você vê o futuro da música de concerto em Pernambuco e no Brasil?
Ana Lúcia Altino – Desde que se renovou a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, na época do maestro John Neschling, agora com maestro Tortelier, que a Osesp vem sendo inspiração para que outras orquestras se aperfeiçoem, contratem novos músicos, enriqueçam as suas programações. Isso se refere principalmente aos estados como Rio, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e até a região Centro-Oeste tem também se desenvolvido. Com relação ao nordeste eu diria que estamos em outro patamar. Continuamos marcando passo lentamente e a música de concerto continua com muito pouco espaço.
Publicado originalmente na BRPress