"Ele colocava minhas bonecas no congelador", diz filha de Raul Seixas
Ela é filha do "maluco beleza" e ponto. Vivi Seixas
definitivamente não é daquelas filhas famosas que se incomoda com a
ideia de falar do pai para não ser estereotipada. Ao falar de Raul
Seixas, o pai, não o roqueiro que o Brasil amou e continua admirando,
ela é só carinho e boas recordações. "Minha melhor lembrança é quando
ele fazia o Capitão Garfo, irmão do Capitão Gancho. Ele pegava as minhas
bonecas e colocava no congelador", divertiu-se, ao conversar com o Terra, por telefone.
Vivi não tem as mesmas influências do pai, mas resolveu
seguir a carreira musical. É DJ profissional desde 2006 e, este ano,
lançou Geração da Luz, álbum com músicas de Raul Seixas
"metamorfoseadas". "As pessoas dizem remix e eu nem gosto muito desse
termo. Digo que são músicas metemorfoseadas. As pessoas acham que eu
editei a voz, recortei, mas não fiz isso, mantive as letras do meu pai
intactas, que é o mais importante, é a mensagem que ele queria passar.
Além de filha, sou fã número um do meu pai", afirmou. A música, que é o
título do CD, foi composta por Raul Seixas e Kika, mãe de Vivi.
Questionada se Raul aprovaria essa mistura de rock com
música eletrônica, a DJ contou que mostrou recentemente o CD ao
cantor Marcelo Nova, parceiro musical do roqueiro. "Fiz essa mesma
pergunta para ele. Marcelo disse que ele ia adorar tudo o que eu
fizesse. Então, acho que ele ia gostar, sim. Meu pai era mente aberta,
curioso, contraditório", opinou.
Vivi tinha apenas oito anos quando Raul Seixas morreu,
vítima de uma pancreatite aguda fulminante, em agosto de 1989, e acha
que, de certa forma, foi estimulada por ele a seguir carreira na
música. "Ele tinha mania de gravar a gente. Me gravou mamando, minha mãe
roncando. Em uma dessas gravações, ele tocava violão e eu cantava Cai, Cai, Balão. E ele dizia: 'canta no Lá'. E eu com quatro anos de idade, sabe?!".
Confira a entrevista completa:
- Você tem cerca de oito anos de carreira. Por que só agora lançar um álbum com as músicas de seu pai?
Vivi Seixas - Eu comecei a tocar em 2004, mas só em 2006 profissionalmente. Resolvi lançar agora porque eu queria consolidar minha carreira primeiro, ser respeitada pelo meu trabalho, divulgar, para depois mexer na obra do meu pai.
Vivi Seixas - Eu comecei a tocar em 2004, mas só em 2006 profissionalmente. Resolvi lançar agora porque eu queria consolidar minha carreira primeiro, ser respeitada pelo meu trabalho, divulgar, para depois mexer na obra do meu pai.
- Raul Seixas é um ícone do rock
brasileiro. Como tem sido a reação dos fãs dele ao ver a mistura das
músicas com a batida eletrônica?
Vivi Seixas - Tenho recebido muito mais elogios positivos, até mais do que eu esperava. Até aqueles fãs roqueiros mesmo têm elogiado. As pessoas dizem remix e eu nem gosto muito desse termo. Digo que são músicas metemorfoseadas. As pessoas acham que eu editei a voz, recortei, mas não fiz isso, mantive as letras do meu pai intactas, que é o mais importante, é a mensagem que ele queria passar. Além de filha, sou fã número um do meu pai. Eu só dei uma roupagem mais moderna para as músicas dele. O CD tem três músicas mais eletrônicas, para a pista mesmo. As outras não. Metamorfose Ambulante virou um reggae, outros ganharam uma guitarra de blues. O CD está bem variado.
Vivi Seixas - Tenho recebido muito mais elogios positivos, até mais do que eu esperava. Até aqueles fãs roqueiros mesmo têm elogiado. As pessoas dizem remix e eu nem gosto muito desse termo. Digo que são músicas metemorfoseadas. As pessoas acham que eu editei a voz, recortei, mas não fiz isso, mantive as letras do meu pai intactas, que é o mais importante, é a mensagem que ele queria passar. Além de filha, sou fã número um do meu pai. Eu só dei uma roupagem mais moderna para as músicas dele. O CD tem três músicas mais eletrônicas, para a pista mesmo. As outras não. Metamorfose Ambulante virou um reggae, outros ganharam uma guitarra de blues. O CD está bem variado.
- Por que a escolha de Geração da Luz (1984) como título do álbum? Qual sua relação com a música?
Vivi Seixas - Porque é uma música dele com a minhã mãe, Kika Seixas. Escolhi porque a letra passa a bola para a nova geração, que somos nós. Então, eu sinto como se fosse meu pai falando comigo.
Vivi Seixas - Porque é uma música dele com a minhã mãe, Kika Seixas. Escolhi porque a letra passa a bola para a nova geração, que somos nós. Então, eu sinto como se fosse meu pai falando comigo.
- Acha que seu pai curtiria essa nova versão dos sucessos dele?
Vivi Seixas - Ontem (dia 15), escutei as músicas com o Marcelo Nova, que foi amigo e parceiro musical do meu pai. Fiz essa mesma pergunta para ele. Marcelo disse que ele ia adorar tudo o que eu fizesse. Então, acho que ele ia gostar, sim. Meu pai era mente aberta, curioso, contraditório. Ele fez tango, forró. Metrô Linha 743 é um hip hop.
Vivi Seixas - Ontem (dia 15), escutei as músicas com o Marcelo Nova, que foi amigo e parceiro musical do meu pai. Fiz essa mesma pergunta para ele. Marcelo disse que ele ia adorar tudo o que eu fizesse. Então, acho que ele ia gostar, sim. Meu pai era mente aberta, curioso, contraditório. Ele fez tango, forró. Metrô Linha 743 é um hip hop.
- Vi que você foi remadora quando era mais
nova, viajou, foi para a Austrália, e só depois que vimos alguma
relação sua com a música. Como foi a decisão de entrar nesse mundo?
Vivi Seixas - Sempre gostei, desde pequenininha, mas não tive as mesmas influências que meu pai, que gostava de rock. As primeiras bandas pelas quais me apaixonei foram Pink Floyd e The Doors, mas, quando estava na Austrália, vi um festival de música eletrônica e me encantei pela batida. Sonhei que estava tocando, foi tão bacana, a pista cheia. Contei para um amigo meu e ele disse: 'por que você não aprende? você tem bom gosto musical! Por que você não tenta?'. Ele me emprestou o equipamento dele e eu me apaixonei.
Vivi Seixas - Sempre gostei, desde pequenininha, mas não tive as mesmas influências que meu pai, que gostava de rock. As primeiras bandas pelas quais me apaixonei foram Pink Floyd e The Doors, mas, quando estava na Austrália, vi um festival de música eletrônica e me encantei pela batida. Sonhei que estava tocando, foi tão bacana, a pista cheia. Contei para um amigo meu e ele disse: 'por que você não aprende? você tem bom gosto musical! Por que você não tenta?'. Ele me emprestou o equipamento dele e eu me apaixonei.
- Por que a escolha do House?
Vivi Seixas - Escolhi o House porque é um som mais versátil, dentro do universo eletrônico. Eu posso tocar em casamento, um desfile, uma festa, não é um público fechado.
Vivi Seixas - Escolhi o House porque é um som mais versátil, dentro do universo eletrônico. Eu posso tocar em casamento, um desfile, uma festa, não é um público fechado.
Além de filha, sou fã número um do meu pai
Vivi Seixas
sobre CD com as músicas de Raul Seixas
- Quando seu pai morreu, você tinha oito
anos. Você curtiu boa parte da sua infância com ele. Quais as lembranças
mais marcantes?
Vivi Seixas - A minha melhor lembrança é quando ele fazia o Capitão Garfo, irmão do Capitão Gancho. Ele pegava as minhas bonecas e colocava no congelador. Eu era criança, era um personagem que ele criava. Eu adorava, não queria deixar ele entrar no meu quarto.
- Raul era presente e brincalhão. Alguma vez ele chegou a falar de você seguir a carreira musical?
Vivi Seixas - Eu era muito pequena, mas acho que ele já estimulava. Ele tinha mania de gravar a gente. Me gravou mamando, minha mãe roncando. Em uma dessas gravações, ele tocava violão e eu cantava Cai, Cai, Balão. E ele dizia: "canta no Lá". E eu com quatro anos de idade, sabe?!. (risos)
Vivi Seixas - A minha melhor lembrança é quando ele fazia o Capitão Garfo, irmão do Capitão Gancho. Ele pegava as minhas bonecas e colocava no congelador. Eu era criança, era um personagem que ele criava. Eu adorava, não queria deixar ele entrar no meu quarto.
- Raul era presente e brincalhão. Alguma vez ele chegou a falar de você seguir a carreira musical?
Vivi Seixas - Eu era muito pequena, mas acho que ele já estimulava. Ele tinha mania de gravar a gente. Me gravou mamando, minha mãe roncando. Em uma dessas gravações, ele tocava violão e eu cantava Cai, Cai, Balão. E ele dizia: "canta no Lá". E eu com quatro anos de idade, sabe?!. (risos)
- Você lembra de assistir aos shows do Raul?
Vivi Seixas - Não lembro. Eu tenho uma ideia de ter ido em um show do meu pai no Canecão, no Rio, mas eu era pequena, não lembro direito. Lembro de gritar: papai!
Vivi Seixas - Não lembro. Eu tenho uma ideia de ter ido em um show do meu pai no Canecão, no Rio, mas eu era pequena, não lembro direito. Lembro de gritar: papai!
- Como
foi participar do Festival Toca Raul, em São Paulo, que era bem voltado
para os fãs do seu pai? Foi seu público mais exigente?
Vivi Seixas - Foi super emocionante! Fiquei muito nervosa. Toquei as músicas originais do meu pai para milhares de pessoas, galera do rock'n'roll mesmo! Fiquei muito nervosa, mas fui super bem recebida. Acho que conquistei muitos fãs ali.
Vivi Seixas - Foi super emocionante! Fiquei muito nervosa. Toquei as músicas originais do meu pai para milhares de pessoas, galera do rock'n'roll mesmo! Fiquei muito nervosa, mas fui super bem recebida. Acho que conquistei muitos fãs ali.
- Você acha
que a profissão de DJ é um pouco desvalorizada no Brasil, com todas
essas celebridades "atacando de DJ"? Acha que o público acha fácil?
Vivi Seixas - Antigamente, o DJ nem aparecia. Ficava atrás de uma cortina. Agora tem esse boom de DJs, virou uma grande celebridade. Mas com a facilidade da tecnologia, qualquer um pode fazer um set. Tem programas que mostram o tom de cada música, nem precisa ter ouvido. A pessoa combina o tom A com o tom A, vai casando. Tem programas que mixam e você leva o set pronto. É o que acontece com essas celebridades, elas vão com um set pronto, não sentem a vibe do lugar, qual é a da casa. Vão com tudo mastigado. Acho que a tecnologia propiciou isso. Antigamente, era com vinil, não tinha como enganar. É ali, tem técnica, com a música na mão. Mas acho que é que nem aquela época que teve a moda de modelo em novela, modelo dando uma de ator. Acho que só os bons ficam. Tem muitos promotores de festa que contratam essas pessoas, que não são DJs. Aí é que está o erro. O cara vê a oportunidade, e pensa: por que não ganhar esse dinheiro?!
Vivi Seixas - Antigamente, o DJ nem aparecia. Ficava atrás de uma cortina. Agora tem esse boom de DJs, virou uma grande celebridade. Mas com a facilidade da tecnologia, qualquer um pode fazer um set. Tem programas que mostram o tom de cada música, nem precisa ter ouvido. A pessoa combina o tom A com o tom A, vai casando. Tem programas que mixam e você leva o set pronto. É o que acontece com essas celebridades, elas vão com um set pronto, não sentem a vibe do lugar, qual é a da casa. Vão com tudo mastigado. Acho que a tecnologia propiciou isso. Antigamente, era com vinil, não tinha como enganar. É ali, tem técnica, com a música na mão. Mas acho que é que nem aquela época que teve a moda de modelo em novela, modelo dando uma de ator. Acho que só os bons ficam. Tem muitos promotores de festa que contratam essas pessoas, que não são DJs. Aí é que está o erro. O cara vê a oportunidade, e pensa: por que não ganhar esse dinheiro?!
- Você costuma dizer que ser filha de quem você é facilitou seu bom gosto musical. O que você tem escutado?
Vivi Seixas - Estou apaixonada por uma banda chamada Morfine. Tenho escutado muito blues ultimamente também. Aprendi a gostar de blues sozinha, mas outro dia um amigo do meu pai veio me contar que ele era doido por blues. Tinhamos isso em comum e eu nem sabia.
- Tem alguma que é influência do seu pai?
Vivi Seixas - Um cantor chamado Leonard Cohen, que é canadense. Minha mãe apresentou para o meu pai e ele ficou apaixonado. Metrô Linha 743 foi inspirado nele.
- Na atualidade, alguém se aproxima do estilo do Raul?
Vivi Seixas - Ninguém. Está para nascer um compositor tão bom quanto o meu pai. Desses conhecidos, ninguém mesmo. Eu achava Cazuza um bom compositor, mas são linhas muito diferentes.
Vivi Seixas - Estou apaixonada por uma banda chamada Morfine. Tenho escutado muito blues ultimamente também. Aprendi a gostar de blues sozinha, mas outro dia um amigo do meu pai veio me contar que ele era doido por blues. Tinhamos isso em comum e eu nem sabia.
- Tem alguma que é influência do seu pai?
Vivi Seixas - Um cantor chamado Leonard Cohen, que é canadense. Minha mãe apresentou para o meu pai e ele ficou apaixonado. Metrô Linha 743 foi inspirado nele.
- Na atualidade, alguém se aproxima do estilo do Raul?
Vivi Seixas - Ninguém. Está para nascer um compositor tão bom quanto o meu pai. Desses conhecidos, ninguém mesmo. Eu achava Cazuza um bom compositor, mas são linhas muito diferentes.
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