"O Roberto quis", diz Lulu Santos sobre CD com canções do Rei
Roberto Carlos é conhecido por ser extremamente
cuidadoso com a sua obra e tudo o que se refere ao seu passado -
recentemente causou polêmica ao tentar proibir um livro que falava sobre
a moda na época da Jovem Guarda -, mas acaba de ser lançado no mercado
um álbum com canções suas e do antigo parceiro Erasmo Carlos que tem o
seu aval: Lulu Canta e Toca Roberto e Erasmo, com releituras de clássicos da dupla que introduziu o rock’n’roll no Brasil.
Lulu Santos, que, segundo a sua assessoria está
completando 30 anos de carreira, mas que diz estar na ativa há 40 anos
(“tem registros fonográficos meus de 76”, relatou, um pouco impaciente,
em entrevista por telefone ao Terra), não enfrentou
muitos obstáculos para fazer o álbum, que teve origem em um show. “O
Roberto foi assistir ao espetáculo quando fizemos no Vivo Rio. Foi um
momento comovente, tanto pra ele quanto pra mim, porque ele tinha
manifestado a vontade de ir. Ele quis o projeto”, contou.
A escolha do repertório, que tem hits como As Curvas da Estrada de Santos, Como É Grande o Meu Amor por Você e Festa de Arromba,
se deu, segundo Lulu, com base apenas na “memória”. “Eu não fiz nenhum
tipo de pesquisa. É a memória que eu tenho, a impressão que o Roberto e o
Erasmo deixaram em mim foi mesmo da primeira Jovem Guarda, em que eles
apresentavam uma espécie de substituto ou similar da efervescência pop
internacional”, contou.
Segundo ele, dois episódios foram essenciais para a
existência desse trabalho. “Tem dois incidentes balizantes. Um foi eu
ter sido levado pelo meu tio Haroldo, que era publicitário e um pouco a
ovelha negra da família, para assistir a uma transmissão do Jovem
Guarda, ali com Roberto, Erasmo, Renato e seus Blue Caps, tudo aquilo
acontecendo na minha frente. O outro foi a festa de aniversário dos 70
anos de Erasmo Carlos e os 50 de carreira, que foi uma grande celebração
no Teatro Municipal do Rio de Janeiro com a presença do Roberto Carlos.
Eu estava sentado na primeira fila. Quando eu vi os dois na minha
frente, aquilo fechou um ‘loop’ muito importante na minha vida, o que
música é pra mim, por que eu faço música e de que forma a minha própria
música e a minha existência se encaixam naquilo que eles começaram a
propor há 50 anos”, refletiu.
Lulu também defende a teoria de que a sonoridade da
Jovem Guarda começou de forma original, e não por influência de artistas
internacionais. “Se você pega Minha Fama de Mau, cuja gravação
original é de 64, se não me engano, realmente eu não sei essas
cronologias... Teve uma hora que eu fiz uma conta e aquilo precedia
mesmo os Rolling Stones, os Beatles e a música dos pretos americanos”,
argumentou.
Apesar de ter feito uma “pegadinha” aos jornalistas,
distribuindo para a imprensa um material que afirma que não houve
grandes mudanças estruturais nas canções, Lulu faz questão de contar que
nem Roberto Carlos identificou as próprias composições. “Eu deixei
aquilo no texto do release como uma espécie de pegadinha, para saber
quem escutou o CD, porque eu mexi bastante nas estruturas. O próprio
Roberto me confessou que, de todo o repertório, ele adivinhou só duas
vezes qual era a música que viria depois da introdução”, disse.
O trabalho conta ainda com três participações especiais, de Jorge Ailton em Você não Serve para Mim, e de dois ex-The Voice: Késia Estácio, em As Curvas da Estrada de Santos, e Marquinhos oSócio, em Não Vou Ficar,
ambos de seu time no reality show musical. Ironicamente, Lulu parece
não querer falar muito sobre o programa, do qual foi jurado ao lado de
Claudia Leitte, Daniel e Carlinhos Brown. Ao ser questionado sobre o
reality, ele encerrou a conversa - que não havia completado nem 15
minutos - alegando que o tempo havia terminado, embora a assessoria de
imprensa não tivesse feito qualquer menção à duração da entrevista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário