Chiquinho Scarpa: “Podem falar que sou viado e quebrado. Minha vida é uma festa”
Em entrevista exclusiva ao iG, o conde e lendário playboy paulistano abre as portas de sua mansão, de seu closet e revela suas excentricidades
Ele é folclórico nas altas rodas sociais. Quando completou 30 anos de idade, mandou quebrar a porta da mais famosa boate do momento (o ano era 1977), o Regine´s, para entrar montado em um elefante. “Faço tudo o que eu quero. Não tenho rabo preso com nada e não devo satisfação a ninguém”, declara o único conde do Brasil.
Aos 66 anos, o playboy paulistano afirma que ainda há tempo para se tornar pai, mas a decisão não cabe só a ele – tem de ser tomada em conjunto com sua noiva, Marlene Tuffi , com quem está há três anos. A empresária, aliás, tem um quarto só seu na mansão de Chiquinho, assim como sua filha, Nathalia , de 21 anos. O conde gosta de ter seu próprio espaço e dorme em uma cama de viúvo com um ursinho e uma de suas cacatuas ao lado.Em 1948, o papa Pio XII deu o título ao seu pai,Francisco Scarpa , em reconhecimento a obras beneméritas. O título de nobreza, hereditário e passado apenas para um herdeiro do sexo masculino, está arriscado caso Chiquinho Scarpa não tenha um filho homem (ele tem apenas duas irmãs, Fátima e Renata ).
“Se a linhagem terminar em mim, levo o título e a minha Bentley para o túmulo”, diz, referindo-se ao buzz criado por ele para, depois se soube, lançar uma campanha de doação de órgãos.Nossa conversa aconteceu na casa de Chiquinho no dia do anúncio desta ação. Depois de se despedir de toda a imprensa que acompanhou de perto o “enterro” interrompido de seu carro de luxo, avaliado em mais de R$ 1 milhão, Chiquinho recebeu o iG Gente para um papo privado.
Era uma manhã atípica na vida do conde, que teve de acordar cedo e ficar horas sob o sol forte com trajes sociais. Abre parênteses: não poderia ser diferente quanto à vestimenta, afinal Chiquinho nunca usou uma bermuda. “Acho uma coisa horrorosa!” Fecha. Mas Chiquinho estava com o botão do bom humor e da ironia ligados, como sempre. “Todo mundo acabou comigo nas redes sociais, mas tinha certeza de que essas pessoas voltariam atrás. O primeiro órgão que deveriam doar é a língua, por terem falado mal de mim”, diz, em tom debochado. “Não teríamos um êxito tão grande (na campanha) se não tivéssemos criado toda essa polêmica.”
A decoração do casarão, localizada em um ponto nobre da cidade na praça que leva o nome do seu avô, Nicolau Scarpa, é digna de um czar. "Os cinco lustres de cristal e toda essa madeira (da sala) pertencem a um palácio de São Petersburgo, na Rússia, do século passado.”
Seguranças acompanham a entrevista e empregados cercam o ambiente, atentos a qualquer ordem do patrão, que nasceu na casa e, após a morte dos pais, mora sozinho com duas aves raras: as cacatuas Dolce e Filomena Leopoldina Sofia Scarpa. “Há poucas pessoas no mundo como eu”, enfatiza, sem falsa modéstia.
Deixa claro que nunca sofreu falência, concordata ou greve. E jamais se meteu com o governo. “Não preciso de voto nem de Ibope. Não sou político ou ator.” Viúvo de Carola Scarpa, sua terceira mulher, Chiquinho ganhou o noticiário em 1999 com declarações da ex condessa sobre sua sexualidade. “Podem inventar o que quiserem, falar que sou viado, que estou quebrado. A minha mulher, Marlene, está lá em cima, então viado não sou. E olhe para a minha casa, quebrado não estou”, defende-se.
O único adjetivo que ele não contesta é o de bon vivant. “Levo um vidão, como e bebo do melhor. Férias pra quê? A minha vida é uma grande festa.” No final de agosto, Chiquinho e Marlene passaram alguns dias em Capri, a bordo do iate do russo Roman Abramovich (dono do time de futebol Chelsea), o mais caro do mundo, avaliado em um bilhão de dólares. Quem segue a página do playboy no Facebook , onde tem 125 mil seguidores, acompanhou suas aventuras pelos mares italianos.
Será que nessa vida glamourosa existe espaço para o trabalho? O conde leva alguns instantes para responder. “Sim, trabalho, e muito. Mas faço tudo pelo computador, sem sair de casa. Só preciso assinar os contratos das companhias que tenho ações.” Até aí, tudo bem. Atualmente, a maioria das pessoas resolve a vida pela internet. Mas ele surpreende ao contar que nunca foi ao banco, posto de gasolina e nem mesmo fazer compras no shopping. “Me dê motivos para fazer esse tipo de coisa!”, se exalta ele, que foi ao cinema pela primeira vez no ano passado. Foi a uma das salas exclusivas do shopping Cidade Jardim e assitiu ao filme "Ted". Sim o do ursinho.
Chiquinho só deixa a mansão por uma causa nobre. Faixa-preta de Aikidô, dá aulas para 120 crianças carentes há anos. Atualmente está afastado do trabalho social por conta de uma cirurgia na perna esquerda, mas é contundente ao falar que em janeiro próximo estará de volta à ativa. A internação, em maio deste ano, o fez lembrar dos 63 dias que passou em coma em 2009, quando contraiu uma bactéria que quase o matou. “Não me lembro de nada e não vi o outro lado”, revela.
Passado o susto, ficou um período recluso, longe de badalações. Ele explica que a vida social não tem mais tanta graça como outrora. “Lamentavelmente não tem aonde ir em São Paulo. A única coisa chata é isso. Não tem Gallery, não tem boate”, reclama. Para ele, dinheiro não compra felicidade, mas realiza todos os seus sonhos de consumo de playboy. Quando gosta de alguma coisa, a vendedora vem à sua casa, ou ele manda Marcelo, seu AAA (assistente para assuntos aleatórios) resolver. Entretanto, se quer presentear alguém, faz questão de embrulhar o presente. “Com o meu papel, e sou eu quem dou o laço. Não abro mão disso.”
Esse ritual é apenas uma de suas inúmeras manias. “Melhor você perguntar qual mania eu não tenho. Tenho todos os TOCs”, confessa. Para confirmar, fazemos um tour pelo seu closet. Impecável. As camisa e os ternos - feitos sob medida por um alfaiate - são separados por cor. São inúmeros os pares de sapatos pretos e até suas cuecas são numeradas e bordadas com o brasão da família. O símbolo também está nas placas dos carros de Chiquinho. Além da já famosa Bentley, há também uma Maserati em sua garagem. "E agora a Bentley deveria me dar mais um carro! Afinal, fui notícia no mundo inteiro", reinvindica.
Antes de se despedir da reportagem, o conde dá uma rápida checada no Facebook para avaliar sua popularidade e fica satisfeito. Depois da tempestade de “haters” que atraiu com o anúncio do enterro de seu carro, veio a bonança com o sucesso da campanha de apoio à Semana Nacional de Doação dos Órgãos. Alguém duvida de sua nobreza?
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