Rogéria: “Para os travestis de hoje, um conselho: bicha, estuda"
Transformista comemora a fase de vida e de carreira
Poucas pessoas chegam aos 70 anos com tamanha energia. Mas quando se trata de Rogéria, claro, o ritmo, a alegria e a intensidade das palavras muda de uma maneira totalmente cheia de garra.
Em conversa com O Fuxico, Rogéria, que se orgulha do nome de batismo, Astolfo Barroso Pinto, contou que está em um momento de vida muito feliz, tanto com a vida pessoal como na profissional.
Na última quinta-feira (29) Rogéria participou do Programa do Jô e garante: se sentiu amada com tantas mensagens que recebeu em sua secretária eletrônica, por conta da entrevista.
“O bate papo foi fantástico, nossa, estou nas nuvens, pois muitas pessoas me ligaram ou me pararam nas ruas para dizer que eu e Jô temos uma sintonia enorme. É a comemoração dos meus 70 anos que ainda estão valendo (Rogéria fez aniversário em maio). Também comemoro minha participação no programa da Marília Gabriela, na novela (Lado a Lado, da Globo), nossa, estou radiante, foram meus presentes de aniversário”, disse.
Rogéria comemora também dizendo que, com sua idade, muitos transformistas já não são lembrados nem estão mais na ativa.
“Transformista só funciona quando jovem, essa é a realidade. Vai até um pouquinho mais além, caso tenha talento. Mas meu amor, estou com 70 anos, sou Astolfo Barroso Pinto com muito orgulho, era o nome do meu avô. Sair na rua e as pessoas me pararem, isso não tem preço. Não tenho internet, não tenho paciência para isso, então, vejo o retorno do meu trabalho com o carinho e comentários de senhoras, homens héteros me parando e me elogiando. Amo meu país, amo meu trabalho. Olha, já estou aposentada, já tenho minha casa, mas gosto do meu trabalho e quando me chamam para trabalhar, vou com todo meu amor”, conta Rogéria, que fez grande sucesso fora do país e retornou ao Brasil por escolha própria.
“Estou trabalhando bastante, graças a Deus. Tive uma temporada boa na Europa, mas voltei ao meu país, porque amo o Brasil, foi minha opção voltar. Tenho viajado por aqui com meu espetáculo Divinas Divas e, onde me contratam, vou. Pintou dinheiro, estou na parada (risos). O que me entristece nesse país apenas são os vândalos, desses não gosto. Eles se aproveitam para fazer palhaçada e atrapalhar quem quer lutar por causas sérias. Eu penso no meu país e não quero as coisas só para mim. Queria ser uarar e dizer: “Que não haja mais pobres nesse país. Que todos tenham dinheiro para se alimentar e viver”. De verdade, queria isso para todos”, conta.
Para os mais jovens, Rogéria dá seu conselho:
“Para os travestis de hoje aqui vai um conselho de quem chegou aos 70 anos: bicha, estuda. Sem estudo nada, ninguém é nada. Hoje os gays estão morrendo, estão matando muito, e mulheres morrem também, homens morrem, crianças morrem. Hoje eu não gostaria, de maneira alguma, de ter 19 anos, pois tudo está muito fácil e as pessoas se envolvem com o fácil, se esquecendo das coisas sérias e determinadas da vida”, finaliza.
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