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4 de novembro de 2013

Inversão de papéis na cama pode esquentar relações heterossexuais



  • Ter a fantasia de inverter os papéis na cama não significa que um homem tenha desejos homossexuais
    Ter a fantasia de inverter os papéis na cama não significa que um homem tenha desejos homossexuais
Acessório erótico geralmente associado ao sexo entre lésbicas, a cinta peniana permite que o corpo feminino proporcione o prazer provocado pela penetração e vem sendo adotada também por casais heterossexuais que buscam sensações diferentes na cama.

De formatos, texturas, dimensões e tecnologias variadas –algumas contam com vibrador–, a cinta traz um pênis artificial acoplado e serve basicamente para que homens e mulheres possam trocar de papéis na transa.

A brincadeira não interfere na sexualidade e nos papéis de cada um no cotidiano familiar, social ou profissional, e pode incrementar a intimidade e o relacionamento. No entanto, algumas questões merecem ser analisadas antes de tentar a prática.
Segundo Oswaldo Rodrigues Junior, terapeuta sexual e diretor do Inpasex (Instituto Paulista de Sexualidade), culturalmente aprendemos a enxergar os homens como viris, seres que dão ordens e são obedecidos, e as mulheres como submissas.

Para muitas pessoas, entretanto, seguir os papéis que a sociedade impõe tem um custo emocional alto. Por isso, em algumas situações elas buscam exercer o papel oposto ao exigido, o que se denomina inversão de papéis. "Isso leva alguns casais a usarem as cintas penianas nas atividades sexuais", explica o psicólogo. Os homens podem se deixar conduzir, enquanto as mulheres se sentem mais poderosas, masculinizadas, no comando da situação.
  • Há, evidentemente, o aspecto físico: vários homens sentem prazer com a estimulação anal, sem que isso inclua desejos homossexuais. O tesão é pela parceira, e é ela quem deve realizar a penetração.

A terapeuta sexual Arlete Girello Gavranic, coordenadora do curso de pós-graduação em Educação e Terapia Sexual do Isexp (Instituto Brasileiro Interdisciplinar de Sexologia e Medicina Psicossomática), conta que nem todos os homens conseguem experimentar essa vivência facilmente.

"Alguns evitam até fantasiar a situação, pois têm receio de que isso signifique um desejo homossexual. Muitos homens nem permitem carícias na região do períneo ou do ânus com medo de sentir excitação", diz. Uma pena, segundo ela, porque a região é rica em terminações nervosas e, portanto, muito sensível do ponto de vista erógeno.

"O fato de ser penetrado não significa que um homem é menos ou mais viril. É apenas uma forma diferente de sentir prazer", completa a psicóloga e terapeuta sexual Carla Cecarello, presidente da ABS (Associação Brasileira de Sexualidade).

Não se pode ignorar que existem aqueles que sentem vontade de transar com outro homem, e ficam somente no plano da fantasia. "Homens que têm dúvidas sobre as próprias preferências sexuais provavelmente terão preocupações sobre ser ou não ser heterossexuais com essas brincadeiras", conta Oswaldo.
 
Às vezes, tais questionamentos também acometem as mulheres, que colocam em dúvida a masculinidade do parceiro caso seja ele quem tome a iniciativa de propor a cinta peniana. Várias das que encaram a experiência, porém, acabam gostando de vivenciar um certo poder sobre o outro. Outras já não se preocupam em ser poderosas, mas sim em criar uma situação satisfatória e de intimidade com o parceiro.
 
 
Uma questão crucial antes de investir no acessório é se o uso recorrente da cinta peniana pode atrapalhar a vida sexual do casal. Se ela for satisfatória para os dois, não há problema nenhum. Como sempre, a resposta está em usar o bom senso. "Essa é uma prática que apimenta a relação e, portanto, o ideal é que seja eventual. Se passa a ser frequente, a espontaneidade para outras formas de obtenção de prazer fica comprometida e corre-se o risco de o casal entrar em conflitos por conta disso", fala Carla Cecarello.
 
E se o brinquedo representar a satisfação de necessidades apenas de um dos dois, certamente vão surgir problemas depois de algum tempo de prática. De acordo com o terapeuta sexual Oswaldo Rodrigues, é importante conversar bastante antes de experimentar a cinta.

"Muitas coisas devem ficar apenas na fantasia do casal. E não basta imaginar que será prazeroso. É necessário reconhecer os limites individuais e discutir como não transpô-los e evitar danos um ao outro, além de levantar as possíveis consequências e o que farão com elas", afirma o especialista.

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