Tributo a Cazuza tem ‘participação’ da holografia do homenageado
- Músicos que foram amigos e parceiros do artista fazem show com seus hits
- João Araújo, pai do músico, morto neste sábado, também será lembrado no evento
RIO - Em volta da mesa na varanda do estúdio do Jardim Botânico,
parceiros de Cazuza — reunidos para o tributo ao compositor que será
apresentado neste sábado, às 19h, no Parque da Juventude, em São Paulo, e
transmitido no site www.voltacazuza.com.br
e no canal 1 da GVT HD — falam do amigo ausente. No show, sua presença
(ali evocada pela conversa, pela memória) será simulada por uma
holografia do artista, que será projetada em algumas canções. Mesmo com a morte do pai de Cazuza, João Araújo, na manhã deste sábado, o evento será mantido e incluirá um tributo ao produtor e fundador da gravadora Som Livre.
No papo do estúdio, eles riem muito, lembrando-se de seu humor ácido, de histórias ótimas impublicáveis num caderno cultural voltado para a tradicional classe média carioca. Até que o baixista Arnaldo Brandão fica com a voz presa na garganta e os olhos úmidos quando tenta contar a história de uma de suas parcerias com o poeta:
— Não consigo — diz, antes de respirar fundo e prosseguir. — Ele já estava bem doente. Entreguei o cassete com a melodia, ele ouviu e falou: “Parece Bob Dylan, vou fazer uma música de protesto”. E escreveu “O tempo não para”. A música acabou batizando o show, que já estava praticamente pronto. Fiquei assustado quando soube dessa história da holografia. “Será que vou aguentar?”, pensei. Porque é um pouco como ter o Cazuza de novo ali.
Projeção em 3D em 5 músicas
O guitarrista Rogério Meanda — a banda inclui ainda George Israel, Guto Goffi, Leoni e Nilo Romero — traz outra lembrança e outro Cazuza.
— Fiz uma melodia e entreguei para ele — conta. — Eu tinha sido abandonado por uma namorada, e ele fez uma letra me dando uns toques. Era “O nosso amor a gente inventa”, que trazia umas frases que ele já tinha me dito em conversas. Ele dizia: “Você é um otário, vê o mundo através de uma b... Deixa de ser babaca, o nosso amor a gente inventa”. E essa ideia do “corte lento e profundo”, ele também já tinha soltado num papo nosso.
O misto de lágrimas e gargalhadas antecipa de alguma forma o que deve acontecer na apresentação hoje — o show deve chegar ao Rio em janeiro. A ideia de trazer Cazuza de volta na forma de holografia veio do produtor Omar Marzagão. Para montar o show, convidou George Israel — que já havia feito em 2010 um disco com suas parcerias com o compositor (entre elas “Brasil” e “Solidão que nada”).
— Pensei que não seria legal fazer aquilo sozinho. Cazuza era um aglutinador, então decidi chamar esses músicos que tocaram com ele, seus parceiros — explica Israel, diretor artístico do show.
Entre as 22 músicas do roteiro estão “O nosso amor a gente inventa”, “Pro dia nascer feliz”, “Malandragem” (nunca gravada por Cazuza) e “Brasil”.
— Queríamos usar umas batidas de tamborim na bateria eletrônica — conta Israel, lembrando a origem de “Brasil”.
Romero, diretor musical do show, completa:
— A letra era: “computadorizada pra só dizer sim”. Mas Cazuza não conseguia cantar isso, era muita sílaba. Até que veio o estalo: “programada!”.
A holografia foi desenvolvida com o auxílio de um dublê e baseada nas imagens do show “O tempo não para”. A projeção em 3D da imagem de Cazuza estará em cinco músicas.
— “O tempo não para” é uma delas. Outra vai ser uma surpresa, não é um hit — adianta Israel. — É algo tipo: “Vou mostrar uma coisa diferente para vocês”.
No papo do estúdio, eles riem muito, lembrando-se de seu humor ácido, de histórias ótimas impublicáveis num caderno cultural voltado para a tradicional classe média carioca. Até que o baixista Arnaldo Brandão fica com a voz presa na garganta e os olhos úmidos quando tenta contar a história de uma de suas parcerias com o poeta:
— Não consigo — diz, antes de respirar fundo e prosseguir. — Ele já estava bem doente. Entreguei o cassete com a melodia, ele ouviu e falou: “Parece Bob Dylan, vou fazer uma música de protesto”. E escreveu “O tempo não para”. A música acabou batizando o show, que já estava praticamente pronto. Fiquei assustado quando soube dessa história da holografia. “Será que vou aguentar?”, pensei. Porque é um pouco como ter o Cazuza de novo ali.
Projeção em 3D em 5 músicas
O guitarrista Rogério Meanda — a banda inclui ainda George Israel, Guto Goffi, Leoni e Nilo Romero — traz outra lembrança e outro Cazuza.
— Fiz uma melodia e entreguei para ele — conta. — Eu tinha sido abandonado por uma namorada, e ele fez uma letra me dando uns toques. Era “O nosso amor a gente inventa”, que trazia umas frases que ele já tinha me dito em conversas. Ele dizia: “Você é um otário, vê o mundo através de uma b... Deixa de ser babaca, o nosso amor a gente inventa”. E essa ideia do “corte lento e profundo”, ele também já tinha soltado num papo nosso.
O misto de lágrimas e gargalhadas antecipa de alguma forma o que deve acontecer na apresentação hoje — o show deve chegar ao Rio em janeiro. A ideia de trazer Cazuza de volta na forma de holografia veio do produtor Omar Marzagão. Para montar o show, convidou George Israel — que já havia feito em 2010 um disco com suas parcerias com o compositor (entre elas “Brasil” e “Solidão que nada”).
— Pensei que não seria legal fazer aquilo sozinho. Cazuza era um aglutinador, então decidi chamar esses músicos que tocaram com ele, seus parceiros — explica Israel, diretor artístico do show.
Entre as 22 músicas do roteiro estão “O nosso amor a gente inventa”, “Pro dia nascer feliz”, “Malandragem” (nunca gravada por Cazuza) e “Brasil”.
— Queríamos usar umas batidas de tamborim na bateria eletrônica — conta Israel, lembrando a origem de “Brasil”.
Romero, diretor musical do show, completa:
— A letra era: “computadorizada pra só dizer sim”. Mas Cazuza não conseguia cantar isso, era muita sílaba. Até que veio o estalo: “programada!”.
A holografia foi desenvolvida com o auxílio de um dublê e baseada nas imagens do show “O tempo não para”. A projeção em 3D da imagem de Cazuza estará em cinco músicas.
— “O tempo não para” é uma delas. Outra vai ser uma surpresa, não é um hit — adianta Israel. — É algo tipo: “Vou mostrar uma coisa diferente para vocês”.
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