Alexandre Borges: "A ideia é brigar menos para transar mais"
Aos 47 anos, o ator, que interpreta o Thomaz da novela 'Além do Horizonte', conta que educa o filho, Miguel, com liberdade, diz que perdoaria uma traição, confessa já ter sofrido por amor e revela que está sempre disposto a reinventar seu casamento de 20 anos com Júlia Lemmertz
Assumidamente mulherengo nos tempos de escola, ele conta que para manter o casamento de 20 anos com a atriz Júlia Lemmertz, 50, é preciso se reinventar para não criar “marcas no colchão”. “Se eu não tivesse tesão em transar com a Júlia, talvez nosso casamento realmente não existisse mais”, diz, garantindo que, contrariando diversos rumores, ele e a mulher nunca se separaram. A enteada Luiza, 26, e o filho Miguel, 13, completam a família. A relação com os filhos é de amizade. Com Miguel, que está na adolescência, a palavra de ordem é diálogo. “Uma hora vai pintar um baseado na frente dele. Talvez ele fume, talvez não. Tem que ficar de olho, conversar”, afirma o ator, que também falou sobre infância, vaidade e fidelidade.
QUEM: Já sabe o que existe além do seu horizonte?
ALEXANDRE BORGES: Eu pensava muito no sentido da felicidade e de envelhecer fazendo teatro. Hoje em dia, já tem uma coisa diferente para mim. Achava que ia atuar até morrer, mas tenho minhas dúvidas. Eu queria descobrir alguma coisa diferente para fazer. Tenho vontade de dirigir uma peça, algo pequenininho. Também gosto de psicologia, filosofia, de sacar os mistérios da vida. A gente pode também não ficar no papo-cabeça. A vida é ótima, tenho 20 anos de TV Globo, uma família linda, um casamento maravilhoso. Tudo que sonhei. É maravilhoso, mas você tem que se permitir sair dessa zona de conforto. E se? Por que não? Penso como o Bell Marques, do Chiclete com Banana: “Não vou buscar outro caminho, vou buscar outra maneira de caminhar”.
AB: Sempre fui muito precoce. Com 7 anos, eu via TV e já pirava nessa coisa do ator, me inspirava em Francisco Cuoco, Tarcísio Meira e acompanhava meu pai (o diretor Tanah Correa) no teatro. Eu fui emocionalmente amadurecendo muito rápido e saquei logo que tinha que me virar. Comecei a trabalhar cedo, fiz bicos, vendi salada de frutas na praia, fui corretor de imóveis, trabalhei em sapataria. Sempre quis ter um pouco de independência financeira.
QUEM: Fazia sucesso com as meninas quando era jovem?
AB: Sempre fui meio mulherengo na escola. Lembro de uma menina, com 7 anos, na primeira série. Outro dia, vi aquelas fotos de escola e disse: era ela. Uma moreninha linda. Sempre gostei de namorar. Tive uma paixão praiana, em 1985, quando eu vendia salada de frutas no Guarujá. Ela era noiva, minha maior freguesa e namorávamos escondido. Me apaixonei e sofri. Fiquei bem gamadão e, quando acabou o verão, fiquei numa fossa danada.
QUEM: Você e Júlia Lemmertz completaram 20 anos de casados neste ano. O que fazem para manter uma relação bacana?
AB: Não é simples e aconteceram muitas mudanças. São vários tipos de casamento dentro do próprio casamento. O nosso veio de uma amizade e começamos a namorar em 1993. Em 2000, veio o Miguel, com a minha profissão mais amadurecida. Não pode ter um casamento para criar ou superar as expectativas das pessoas. Somos um casal que tem um filho para criar, uma casa, vamos fazer uma reforma, supermercado, férias, feriado, banco, dividir as tarefas e toda a coisa normal do casamento. Mas sou muito romântico, de querer babar, dar presente, cobrir de carinhos, sabe? Isso é muito importante também.
AB: Tem a coisa da libido individual, de você gostar e ter o tesão mesmo da coisa. Acho que o sexo realmente não precisa mais ser aquela coisa desenfreada, todo dia, mas com o tempo tem que estar se reinventando. Senão, cria marcas no colchão, naquela mesma posição, e já cria um relevo na cama (risos). Tem que ter disposição para não cair no cotidiano e não achar ridículo propor. Somos bem abertos nesse sentido. Se eu não tivesse tesão em transar com a Júlia, talvez nosso casamento realmente não existisse mais. A ideia é tentar brigar menos para transar mais.
AB: Brigo pouco, não gosto de brigar. Gosto de dar liberdade e, acima de tudo, aceitar que o outro pensa diferente de você. Quando tem algum impasse, prefiro deixar o tempo responder. Em coisas comuns, acredito na intuição feminina. Sou mais ou menos ciumento, não cabe esse sentimento na nossa vida de ator. Perdoaria uma traição, com certeza. Pode acontecer, acho humano.
QUEM: Houve diversos rumores de que vocês estavam em crise e iam se separar. Em algum momento isso aconteceu?
AB: Eu fui à festa de lançamento de 'Avenida Brasil' com a turma toda e abracei uma maquiadora. Aí, saiu uma foto e aquela foto criou notícias. Lido com isso. Faz parte do jogo. Eu sou assim, de abraçar pessoas na rua. Homem, senhoras, sou receptivo. Não tenho medo de me expor. Mas nunca saí de casa, nunca peguei minhas coisas e fui morar em outro lugar. Já me mudaram para vários lugares, mas nunca teve uma crise daquelas: estamos separados, não conta para ninguém.
QUEM: Como é a sua relação com o Miguel?
AB: O papo pai e filho é uma delícia. Estou satisfeito e não tenho vontade de ter outros filhos. Já tem a Luiza (filha do casamento de Júlia com o produtor Álvaro Osório) e somos amigos. A questão do filho para mim foi muito forte. Desde o nascimento dele eu quis aproveitar tudo. Procurava participar, levando no parquinho, na escola. Agora, ele tem questões da adolescência. Vai se deparar com a droga. Uma hora vai pintar um baseado na frente dele. Talvez ele fume, talvez não. Tem que ficar de olho, conversar. Ele escuta bem, eu também o escuto. Já se apaixonou, levou um fora, tudo aquilo por que a gente passa. Sou um pai liberal e falo com ele tentando lembrar o que eu já entendia na mesma idade.
QUEM: Considera-se um homem bonito?
AB: Eu tento me cuidar para ficar bonito. Corro, faço musculação e karatê. Ficar feio é fácil. Todo mundo tem seu charme e seu traço particular. Não me acho bonito desse jeito de me olhar no espelho e dizer: “Caramba, que cara bonito!”. Já fiz alguns personagens em que eu tive que ficar feio. Para mim, a prioridade sempre foi e está sendo, por enquanto, ser o melhor ator possível. Bonitinho sei que eu sou. Minha mãe dizia: “Que fofo!” (risos).
QUEM: A chegada dos 50 anos assusta?
AB: Dizem que com a chegada dos 50 as culpas vão embora, as encanações e as coisas fluem. Dizem. Os melhores personagens são para as pessoas mais velhas e agora estou num momento show. Mas uma baladinha, hoje, dormindo às 5h da manhã, já é destruição total. São dois dias de recuperação para ficar de novo com pele de pêssego. Não que eu tenha medo do que vai vir, mas momentos de uma juventude já estão ficando bem para trás, só que se eu fechar os olhos eles parecem muito recentes. Tenho um pouco de pena disso. Vou ter que largar um pouco umas coisas que ainda estão amarradas em mim e encarar meus últimos 20, 30 anos.
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