Cada aparição de Dilma em rede nacional custa R$ 90 mil
A exibição na TV requer gastos com produção, gravação, edição, computação gráfica, trilha, locução, equipe e equipamentos
Da Agência Estado
Foto: Antonio Cruz/ABr
A estratégia da presidente
Dilma Rousseff de aparecer cada vez mais em pronunciamentos em rede
nacional de rádio e televisão custou até agora R$ 1,2 milhão aos cofres
públicos desde o primeiro ano de seu mandato, em 2011. Cada vez que a
presidente vai à TV, o Palácio do Planalto desembolsa R$ 90 mil com
produção, gravação, edição, computação gráfica, trilha, locução, equipe e
equipamentos.
No domingo, 29, Dilma fez seu 17º
pronunciamento desde que tomou posse. Trata-se de uma média que supera
cinco aparições por ano. Seus antecessores, Luiz Inácio Lula da Silva e
Fernando Henrique Cardoso, registraram uma média inferior a três
pronunciamentos de TV anuais.
Nas aparições de 2013, além da que foi
ao ar ontem, Dilma divulgou medidas de impacto de seu governo, como a
redução da tarifa de energia (23 de janeiro), a desoneração da cesta
básica (8 de março) e a promessa de destinar dinheiro do pré-sal para a
educação (1º de maio). Foi à TV também para dar uma resposta às
manifestações (21 de junho), para exaltar a criação do programa Mais
Médicos (6 de setembro) e para comemorar a conclusão do primeiro leilão
do pré-sal (21 de outubro).
O pronunciamento de 21 de junho, em meio
às manifestações, foi o mais atípico. A aparição foi organizada às
pressas e não contou com a superprodução de R$ 90 mil. Naquela
oportunidade, quem produziu tudo foi a EBC/NBR, estatal de comunicação,
“pois não havia tempo hábil para a mobilização de uma das agências
contratadas”, segundo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência
da República. Em condições normais, é a secretaria que fica responsável
por contratar uma agência para a produção dos pronunciamentos da
presidente.
O senador Aécio Neves (MG), provável
candidato tucano à Presidência, é crítico da estratégia de Dilma. Ele
acusa a presidente de contrariar a legislação em vigor e apropriar-se
“indevidamente” da rede para fins eleitorais. Para a Secretaria de
Comunicação, porém, a presidente vale-se da prerrogativa dos
pronunciamentos “quando há necessidade de comunicar fatos relevantes de
interesse nacional”.
Decreto de 1979 prevê que as emissoras
de radiodifusão poderão ser convocadas para transmitir gratuitamente
pronunciamentos do presidente da República e dos presidentes da Câmara
dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal, quando o
objetivo for a “divulgação de assuntos de relevante importância”.
REAJUSTE - Em dezembro de 2012, o valor
gasto pelo governo para produzir um pronunciamento passou de R$ 58 mil
para os atuais R$ 90 mil - quase 56% de aumento. A Secretaria de
Comunicação diz que houve “atualização de valores”, “uma vez que os
preços até então praticados remontavam ao ano de 2008”. A inflação
medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2008
a 2012 foi de 32%.
AGÊNCIAS - Os pronunciamentos deste ano -
à exceção do veiculado em junho em reação aos protestos - foram feitos
pelas agências de publicidade Propeg e Leo Burnett. A escolha pelas
agências contratadas para a produção dos pronunciamentos obedece a
“normativos e dispositivos legais, que determinam a seleção da agência
que possua melhores condições para atender à demanda naquele momento,
familiaridade com o tema e reaproveitamento de linha criativa”, informa a
secretaria. Neste final de 2013, os presidentes da Câmara e do Senado
também recorreram à rede nacional para discursar à Nação. Colaboraram
Célia Froufe e Murilo Rodrigues Alves.
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