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29 de janeiro de 2014

Assassinato » Novas dúvidas sobre morte de promotor Indícios voltam a contradizer versão da noiva da vítima sobre o crime. Suspeito gravou vídeo acusando ela de ser a mandante


Wagner Oliveira - Diario de Pernambuco
Marcionila Teixeira


Segundo fontes do Diario, carro do promotor estava provavelmente parado na hora dos disparos, ao contrário do que afirmou Mysheva durante a reconstituição. Foto: FOTOS: PAULO PAIVA/DP/D.A.PRESS
Segundo fontes do Diario, carro do promotor estava provavelmente parado na hora dos disparos, ao contrário do que afirmou Mysheva durante a reconstituição. Foto: FOTOS: PAULO PAIVA/DP/D.A.PRESS
Até a segunda quinzena de fevereiro, o Instituto de Criminalística (IC) concluirá o laudo sobre a reconstituição da morte do promotor de Justiça Thiago Faria Soares, 36 anos, realizada em 23 de dezembro de 2013. Essa é uma das lacunas que falta para a Polícia Civil concluir a investigação do crime ocorrido em 14 de outubro do ano passado, em Águas Belas, no Agreste do estado. O documento que será entregue aos delegados Alfredo Jorge e Josineide Confessor trará informações precisas sobre a posição do carro onde estavam a vítima, sua noiva, Mysheva Martins, e um tio dela. A possibilidade de os tiros terem sido disparados quando o veículo estava parado é grande, segundo fontes do Diario. Em um vídeo divulgado ontem, o fazendeiro José Maria Pedro Rosendo Barbosa, apontado pela polícia como a pessoa que encomendou o assassinato do promotor, e que está foragido, afirma que Mysheva seria a real mandante do crime. Ele diz que o veículo de Thiago estava parado e que Myscheva já tinha deixado o automóvel quando os disparos foram feitos.

Na reprodução simulada, os peritos encenaram o momento da execução de Thiago oito vezes. Em algumas delas, o veículo estava inerte no acostamento da PE-300. Em outras, o carro trafegava em uma velocidade abaixo de 20 Km/h. Na semana passada, os peritos do IC voltaram ao cenário do crime para esclarecer algumas dúvidas. “Estamos finalizando o laudo da perícia. Estivemos em Águas Belas para refazer alguns caminhos e cálculos e também para checar coisas que não tínhamos feito no dia da reconstituição. Quanto à velocidade do carro do promotor, simulamos o momento dos disparos com o carro parado e também com o veículo em baixíssima velocidade”, ressaltou a perita Vanja Coelho, que trabalha no caso com mais três peritos.

Na gravação divulgada ontem, o fazendeiro diz que está disposto a prestar depoimento à polícia, caso seu mandado de prisão seja revogado. Num trecho da entrevista, José Maria conta que o carro do promotor estava sendo seguido pelo veículo onde estavam os três assassinos e que ele teria parado o veículo na rodovia, possivelmente a pedido da noiva. “Um carro vinha dando sinal de luz atrás do veículo do promotor e ele parou o carro porque Mysheva pediu para ele parar. Essa verdade ela não fala. Também um casal ofereceu ajuda depois do crime, antes dos parentes dela passarem, e ela não quis. Isso ela não disse no depoimento”, acusa José Maria. Nos seus depoimentos, a advogada contou que o carro do noivo foi interceptado por outro veículo onde estariam os assassinos.

Thiago Faria foi morto com vários tiros de espingarda calibre 12. Dois dias depois do crime, o agricultor Edmacy Cruz Ubirajara, 47, cunhado de José Maria, se apresentou na delegacia. Foi preso e liberado por falta de provas. A Polícia Civil e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) firmaram um pacto de silêncio para não falar mais sobre as investigações. Nos próximos dias, os delegados Alfredo Jorge e Josineide Confessor voltarão ao Agreste para colher novos depoimentos. O Disque-Denúncia está oferecendo uma recompensa de R$ 10 mil por informações que levem à prisão do fazendeiro José Maria Pedro Rosendo Barbosa.
Polícia investiga ligação entre crimes
Depois de ter descartado a possibilidade de ligação entre o assassinato do promotor Thiago Faria e a morte da esposa de um primo de Mysheva Martins, ocorrida no dia 10 de dezembro de 2013, a polícia mudou de opinião e está investigando o caso. Um exame de balística foi solicitado ao Instituto de Criminalística (IC) para tentar identificar se o tipo de munição e a arma usados na execução de Lúcia de Fátima Gomes e Silva são os mesmos utilizados pelos assassinos do promotor. Segundo fontes da polícia, caso esse resultado seja compatível, os investigadores já saberão os nomes dos executores de Thiago Faria. Isso porque os homens que mataram Lúcia foram identificados. A suspeita de relação entre os crimes foi levantada pelo modo da execução, semelhante à morte do promotor.

Lúcia de Fátima estava acompanhada do marido Genival Martins dos Santos, que dirigia seu veículo para o Sítio Salgado, na Zona Rural de Itaíba, quando elefoi surpreendido por três homens. Houve troca de tiros. Lúcia não resistiu. Genival, que havia saído da prisão poucos dias antes do atentado, foi encontrado em casa com uma espingarda e um revólver calibre 38. Ele foi autuado por tentativa de homicídio (por ter disparado contra os atiradores) e porte ilegal de armas. Na época, a polícia alegou que a motivação do crime teria sido vingança, porque Genival seria responsável pelo assassinato do parente de um dos suspeitos de participarem do atentado contra ele. O exame de balística que está sendo feito pelo IC ainda não tem data para ficar pronto.


14 de outubro de 2013
O promotor de Itaíba, Thiago Faria, 36 anos, é assassinado com quatro tiros de arma calibre 12 enquanto segue de carro para a cidade de Itaíba, no Agreste, pela rodovia PE-300, junto com a noiva Mysheva Martins, e o tio dela. Um carro se aproximou e um dos passageiros fez os disparos

15 de outubro de 2013
A Polícia Civil faz buscas na casa do agricultor Edmacy Cruz Ubirajara, suspeito de atirar no promotor, mas não encontra ninguém. À tarde, Edmacy se apresenta na Delegacia de Águas Belas, presta depoimento e
recebe voz de prisão, um cumprimento a um mandado expedido pela Jutiça de Pernambuco

16 de outubro de 2013
A polícia anuncia que o mandante do crime é José Maria Pedro Rosendo
Barbosa, antigo dono da fazenda arrematada pela noiva da vítima em Águas Belas. Segundo as investigações, a morte foi causada por disputas de terra. Ele continua foragido

17 de outubro de 2013
O MPPE cria uma força-tarefa de promotores para agilizar o andamento dos processos parados na 5ª Circunscrição Ministerial, com sede em Garanhuns, e que abrange 22 municípios, e tornar o trabalho dos promotores mais impessoal, reduzindo assim riscos de atentados ou homicídios

18 de dezembro de 2013
O suspeito de matar o promotor, Edmacy Cruz, é liberado do Centro de Triagem de Abreu e Lima (Cotel). Ele já tinha cumprido os 30 dias de prisão determinados pela Justiça pernambucana, mas continuava preso por ordem do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe (TJSE), por um outro crime, cometido naquele estado. O TJSE concedeu liberdade provisória

23 de dezembro de 2013
Uma reprodução simulada do assassinato do promotor é feita em Itaíba. A ideia é reproduzir o mais fielmente possível todas as circunstâncias do crime para esclarecer dúvidas da investigação. Participam da ação a Polícia Civil e o MPPE

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