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31 de março de 2014

Arte »Exposição Múltiplo Leminski ocupa a Torre MalakoffMostra mais completa já feita sobre o poeta curitibano traz mais de mil peças do acervo da família

Fellipe Torres - Diario de Pernambuco

Espaços contam com painéis, pinturas, poesias e até histórias em quadrinhos. Foto: Sal Marinho Filmes/Divulgação
Espaços contam com painéis, pinturas, poesias e até histórias em quadrinhos. Foto: Sal Marinho Filmes/Divulgação

Para os padrões do mercado editorial brasileiro, é bastante incomum ter um livro de poesia entre os mais vendidos do ano. Mas um escritor como o curitibano Paulo Leminski (1933-1989) está longe de ser considerado ordinário, ou dentro da média. Por isso, a companheira de mais de duas décadas, a poetisa Alice Ruiz, não estranhou quando a coletânea Toda poesia atingiu o topo dos best-sellers. “Fiquei feliz, claro, mas não me senti supresa. Ele continuou fazendo sucesso com os livros, vinha ‘bombando’ na internet, era um viral. Então era algo absolutamente previsível”.

Com a intimidade de quem conheceu bem de perto a alma e o talento do poeta curitibano, Alice Ruiz e as duas filhas, Estrela e Áurea, assinam a curadoria da exposição gratuita Múltiplo Leminski, em cartaz na Torre Malakoff até 30 de maio. A inauguração será nesta quarta-feira (26), em evento só para convidados, e abre ao público na sexta-feira (28). Como o título da mostra sugere, o espaço vai explorar as muitas facetas do escritor, tradutor, biógrafo, jornalista, roteirista de histórias em quadrinhos, judoca faixa-preta, professor, publicitário, compositor.

“Por algum motivo, chamaram mais atenção a poesia e a prosa experimental do Catatau. Mas a música, por exemplo, é algo muito presente na obra de Paulo. Acontece que as informações repassadas ao público não costumam ser eficientes. As emissoras apresentam somente o nome da música e do intérprete. Às vezes, o Caetano Veloso está cantando, mas ninguém sabe que letra e música são de Paulo”, defende Alice.

Com mais de mil peças pertencentes ao acervo da família, a exposição traz a máquina de escrever usada por Leminski, livros escritos e traduzidos por ele, revistas, fotos, cadernos, recortes de jornais, entrevistas, cartas, poesias escritas em guardanapos, originais manuscritos e datilografados, histórias em quadrinhos. “O acervo é nosso. A ideia era fazer uma homenagem de caráter mais festivo, revelar o lado mais criativo do escritor, criando uma atmosfera poética para entrar neste universo”, acrescenta a filha Áurea Leminski. Uma sala inteira da Torre Malakoff é dedicada ao romance Catatau (1975), cujo enredo imagina uma visita do filósofo francês René Descartes a Pernambuco, acompanhando a comitiva de Maurício de Nassau.

Leminski
A mostra é dividida em vários espaços cênicos, complementados por pinturas, painéis vitrines e reproduções de grafites feitos por artistas locais. Os espaços são: Linha da vida e obra, Poesia, Música, Prosa, Catatau, Tradução, Biografia, HQs, Haikaista e judoca, Publicidade, Jornaliista, Professor, Escritório e Biblioteca.

A exposição itinerante já passou por Curitiba, Foz do Iguaçu e Goiânia, e foi vista por mais de 325 mil pessoas. Na abertura para convidados, amanhã, a filha mais nova do escritor, Estrela Leminski, comanda o show Essa noite vai ter Sol, com canções compostas pelo pai.

A relação de Leminski com Pernambuco não se limita às linhas de Catatau. Admirador de Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto, ele compôs a música Pernambuco meu, gravada por Moraes Moreira. Neste ano, Paulo Leminski completaria 70 anos. Ele morreu há 25 anos, após o agravamento de uma cirrose hepática.

Serviço
Múltiplo Leminski
Onde: Torre Malakoff (Praça do Arsenal, Bairro do Recife)
Quando: Nesta quarta-feira (26), em evento só para convidados. De sexta-feira (28) a 30 de maio; de terça a sexta-feira, das 10h às 18h; sábados, das 15h às 20h; domingo das 16h às 18h
Acesso gratuito 

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