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30 de abril de 2014

Dirceu reclama das condições na Papuda: “Ó lá a goteira”

Deputados da Comissão de Direitos da Câmara visitaram o Complexo da Papuda. Saíram com opiniões divergentes quanto às condições do ex-ministro

REDAÇÃO ÉPOCA


CONEXÃO O ex-ministro José Dirceu, ao levantar o punho depois de ser condenado e preso no caso do mensalão. Um advogado ligado a ele foi contratado para representar a Astra (Foto: Sérgio Neves/Estadão Conteúdo)
“Ó lá a goteira”. Um vídeo obtido pelo jornal Folha de S.Paulo mostra como foi a visita, na terça-feira (29), de deputados da Comissão de Direitos Humanos da Câmara ao Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Lá estão presos os condenados do Mensalão, inclusive o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, que cumpre pena em regime semi-aberto.

Dirceu se entregou a agentes da Polícia Federal em novembro do ano passado. Não está feliz. Sua pena inclui o direito de trabalhar e estudar. O ex-ministro pediu autorização para cumprir expediente em um escritório de advocacia. Ao contrário de outros condenados, não recebeu resposta. Pesa sobre ele a suspeita de ter usado um celular dentro da prisão. No vídeo obtido pelo jornal, Dirceu reclama : segundo ele, além de não poder trabalhar, só consegue sair para o pátio por volta da 17h, quando resta pouco Sol. Diz também que há uma goteira na cela.
>>Secretaria de Segurança apura se José Dirceu usou celular na prisão

A visita dos deputados foi resultado de um requerimento feito pela família de Dirceu. A intenção dos familiares é provar que, na prisão, ele não recebe privilégios. Para o Ministério Público, privilégio pode ser qualquer coisa que fira a isonomia entre os presos.

Ao final da visita, os deputados saíram com opiniões divergentes quanto à situação do ex-ministro. Para a deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP), Dirceu não é tratado como os demais detentos. Sua cela é espaçosa, bem iluminada, e conta com regalias: "Conheci celas em várias unidades aqui [na penitenciária da Papuda] e as que a gente viu hoje lá em cima são celas horrorosas se comparadas à cela dele. A cela dele é iluminada, ampla, o tipo de material do beliche é diferente, tem televisão, tem micro-ondas. E não são todas as celas – é a única cela desse jeito", afirmou.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, a presença de eletrodomésticos não representa privilégio: todos os presos podem ter os seus se tiverem bom comportamento e se a família levar. Ao G1, o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA) disse que Dirceu assistia ao jogo entre Bayern de Munique e Real Madrid quando os deputados chegaram. Aos presentes, Dirceu repetiu as reclamações feitas por sua defesa, de que está cumprindo um regime fechado de cadeia, uma vez que o Ministério Público ainda não analisou seu pedido para trabalhar. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já se manifestou favorável ao pedido. Falta a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa.

A deputada Luíza Erundina (PSB-SP) discordou da ideia de que Dirceu receba melhor tratamento: “Nós vimos uma cela modesta, uma cela malconservada, cheia de infiltrações, gotejando água no corredor, na porta da cela, é isso que a gente viu. Ao contrário, acho que o tratamento que é dado a ele, muitas vezes, lhe tiram aquilo que é dado a outro preso”.
RC

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