Ao Vivo

31 de julho de 2014

O comediante que chegou ao topo das paradas

Como o americano Weird Al Yankovic, famoso por suas paródias de músicas pop, alcançou o primeiro lugar na lista de álbuns mais vendidos nos Estados Unidos

ISABELLA CARRERA

“Weird Al” Yankovic posa em Los Angeles, no dia 17 (Foto: Casey Curry/Invision/AP)
Quem viveu os anos 1980 e 1990 talvez se lembre dos videoclipes do músico e comediante americano Weird Al Yankovic. Suas versões engraçadas de músicas famosas, como “Another One Rides the Bus”  (inspirada em “Another One Bites the Dust” da banda Queen) e “Like a Surgeon”  (adaptação de “Like a Virgin” da Madonna), renderam a ele a fama de rei das paródias e uma legião de fãs. Com 54 anos de vida e 38 de carreira, Weird Al alcançou há poucas semanas o que muitos achavam impossível: o auge de sua carreira. Ele conquistou o primeiro lugar do ranking de álbuns digitais e físicos mais vendidos, publicado pela revista americana Billboard. Para conseguir o feito, o artista do século passado usou uma estratégia típica do século XXI: apostou no poder da internet.
Weird Al promoveu o lançamento de seu novo álbum, Mandatory fun (Diversão obrigatória, em português), de um jeito pouco convencional. Durante oito dias, ele soltou na rede oito clipes diferentes de canções do seu álbum, feitos em parceria com a Vevo, site de vídeos musicais. A ideia surgiu quando a gravadora do álbum, RCA Records, recusou-se a financiar a produção dos videoclipes. Al procurou então portais de humor como CollegeHumor, Nerdist e Funny or Die, que bancaram a filmagem e publicaram o conteúdo com exclusividade. O músico não recebeu dinheiro em troca – ele forneceu os vídeos na esperança de que chamassem a atenção do público para comprar o álbum. “Os assuntos envelhecem muito rápido na internet. Eu queria que o lançamento fosse um evento, que as pessoas ficassem falando sobre os vídeos todo dia durante toda a semana”, disse Weird Al. Nem ele previu um sucesso tão estrondoso. Clipes como o de “Word Crimes” (uma lição sobre gramática parodiando o hit “Blurred Lines” de Robin Thicke), “Handy” (versão da música “Fancy" de Iggy Azalea) e “Tacky” (que usa a canção “Happy”, de Pharrel, para discutir atitudes bregas) viralizaram, levando Mandatory fun, lançado no dia 15, ao topo das paradas americanas naquela semana – o primeiro álbum de comédia em mais de 50 anos a alcançar esse feito.
O modelo de divulgação adotado por Weird Al se mostrou eficaz por uma série de fatores. O primeiro é seu engajamento com o mundo virtual. Sua conta do Twitter é acompanhada por cerca de 3,3 milhões de seguidores e, há seis anos, ele vende seu trabalho na iTunes Store. O segundo é o timing do seu humor. No ano passado, Weird Al anunciou em seu blog os planos de, após o término do seu atual contrato, deixar de lado o formato tradicional de álbum e se concentrar no lançamento de canções individuais. A razão seria sua preferência em escrever paródias de músicas que estão na moda, ainda frescas na cabeça das pessoas. “Com singles, eu não tenho que esperar enquanto minhas canções vão ficando velhas e ultrapassadas. Posso colocá-las na internet quase imediatamente”. A fórmula é perfeita para o Youtube, site no qual quanto mais absurdo e temporal o vídeo, melhor. Weird Al Yankovic parece estar no caminho certo – afinal, enquanto muito dos artistas parodiados já saíram de cena, sua fama só cresce.

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