A vitória de Dilma, a presidente que não baixou a cabeça
A eleição de 2014 ficará na memória dos brasileiros como uma das mais disputadas do país em todos os tempos. Dilma Rousseff mostrou resiliência – e se reelegeu presidente da República
ALBERTO BOMBIG
Dilma percorreu o país durante a campanha eleitoral, nos palanques armados pelos aliados do PT (na foto acima, está em São Paulo). Em pelo menos um Estado, os palanques petistas foram decisivos: o Rio de Janeiro, onde ela se uniu à situação e à oposição e obteve uma vantagem importante para sua vitória | |
(Foto: Nacho Doce/Reuters) |
Se existem dois substantivos capazes de definir a campanha da presidente Dilma Rousseff
à reeleição, eles são: resiliência e disciplina. O primeiro é um termo
original da física. Grosso modo, determina a capacidade de resistência
de certos materiais. Nos últimos anos, esse termo passou a ser usado por
correntes da psicologia para destacar indivíduos mais aptos a lidar com
problemas e adversidades do que outros.
Nesta campanha, Dilma enfrentou vários desses momentos, dentro e fora
do PT, nas ruas ou nos bastidores do poder – sem contar o furacão que
varreu as ruas do país em junho do ano passado e atingiu todos os
políticos. Mesmo diante das piores situações, Dilma manteve a cabeça
erguida e foi capaz de suportar e vencer o clima anti-PT jamais visto no
Brasil numa eleição. Para se manter altiva e combater os opositores,
ela contou com a disciplina do tempo de militante política contra a
ditadura. Disciplina que a levou a cumprir à risca o receituário de seu
marqueteiro-chefe, João Santana.
Sob as orientações dele, Dilma imprimiu uma campanha dura contra os
adversários, com ataques ao caráter e à biografia dos adversários.>> Dilma Rousseff: vitória no sufoco
Com a combinação entre resiliência e disciplina, Dilma superou o “Volta, Lula”, os 7 a 1 da Alemanha contra o Brasil na Copa do Mundo, a morte de Eduardo Campos, o “fenômeno Marina Silva” e a “onda Aécio”. Não bastasse tudo isso, ainda enfrentou a escalada das revelações da Polícia Federal e do Ministério Público no escândalo de corrupção da Petrobras, que dominou a reta final do primeiro e do segundo turnos. Quase sempre falou sobre o assunto como candidata, não como presidente.
>> Mais notícias das Eleições 2014
Apesar de não ser uma das fundadoras do PT, Dilma manteve-se, antes de tudo, como uma militante puro-sangue do partido durante toda a corrida eleitoral. Deu certo, e ela fez valer o slogan de sua campanha:
“Dilma, coração valente”.
Em junho, na abertura da Copa do Mundo, em São Paulo, Dilma foi hostilizada pela torcida na Arena Corinthians. O sucesso do torneio ajudou a recuperar sua boa avaliação. Ela se esforçou para capitalizar um eventual sucesso da Seleção Brasileira dentro de campo. Não deu certo ante os 7 a 1 da Alemanha na semifinal | |
(Foto: Ricardo Stuckert/PR) |
Pouco mais de um mês após o início oficial da campanha eleitoral, Eduardo Campos, candidato do PSB a presidente, morreu num desastre aéreo. A tragédia abalou o meio político e atingiu a campanha de Dilma. Naquele momento, ela já tratava seu antigo aliado político como um adversário ferrenho. Dilma compareceu ao velório no Recife, Pernambuco | |
(Foto: Ricardo Moraes/Reuters) |
Dilma optou por realizar suas coletivas de imprensa no Palácio da Alvorada. Isso gerou críticas da imprensa e até uma manifestação do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Dias Toffoli. Segundo ele disse em entrevista a ÉPOCA, tratava-se de “vantagem indevida” | |
(Foto: Paulo Whitaker/Reuters) |
A morte de Eduardo Campos alçou a vice dele, Marina Silva, à condição de candidata do PSB. Antigo desafeto de Dilma desde quando as duas eram colegas de Esplanada, Marina começou sua campanha sob a comoção provocada pela morte de Campos e sob o sentimento antipetista que naquele momento dominava a eleição para presidente da República | |
(Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP) |
Nos momentos mais difíceis da campanha, Dilma se apoiou na militância histórica do PT e em seus líderes regionais. São Paulo foi o Estado mais visitado por ela. Dilma fez várias carreatas nas áreas populosas da capital. Mesmo assim, sua votação em São Paulo ficou aquém do necessário para vencer no Estado | |
(Foto: Adriana Spaca/Brazil Photo Press/Folhapress) |
Após os protestos de 2013, com a avaliação do governo em queda, Dilma enfrentou uma onda dentro e fora do PT. Muitos queriam a candidatura do ex-presidente Lula ao Planalto. O movimento só começou a perder força em abril, quando o próprio Lula afirmou que a candidata era Dilma. Na campanha, ele manteve a posição de defesa de sua afilhada política e atacou os adversários | |
(Foto: Ueslei Marcelino/Reuter3s) |
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