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1 de outubro de 2014

Ebola deixa mais de 3 mil crianças órfãs na África ocidental

Familiares, com medo de contrair a doença, evitam contato com esses meninos e meninas. Segundo dados da Unicef e da OMS, a quantidade de menores que perderam os pais pode duplicar em outubro

ISABELLA CARRERA
Miamu Saryon, de 7 anos. À esquerda, o perfil de sua tia, em um hospital em Monróvia, na Libéria. A menina perdeu a mãe, a avó e dois tios com ebola. Ela, uma sobrevivente, não pôde voltar para casa. Os vizinhos protestaram com medo de ela transmitir a do (Foto: Jerome Delay/AP)
O Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) informou nesta terça-feira (30) que o vírus ebola deixou cerca de 3,7 mil crianças órfãs do pai, da mãe ou dos dois em Guiné, Libéria e Serra Leoa, países da África ocidental. Segundo as estimativas, divulgadas em conjunto com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número pode duplicar até meados de outubro, devido à intensificação da epidemia nas últimas semanas.
“Sabemos que os números que temos são somente a ponta do iceberg”, afirmou Manuel Fontaine, diretor regional do Unicef na África Ocidental. Outra dificuldade que essas crianças vêm enfrentando é o afastamento de seus parentes que, por não saberem se elas foram ou não infectadas pelo ebola, têm medo de manter contato próximo. “Vemos que alguns familiares ou vizinhos lhes dão de comer, mas poucos querem acolhê-los”, disse Fontaine.
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Com esse impasse em vista, o Unicef busca criar novos centros infantis para receber os órfãos, que sofrem preconceito na sua comunidade. Uma possibilidade é que os adultos sobreviventes à enfermidade passem a trabalhar nesses centros, cuidando das crianças e ajudando nas tarefas de conscientização.
De acordo com a ONU, de um total de US$ 987 milhões solicitados para a luta contra o ebola, somente US$ 254 milhões já foram liberados – 26% do total. Ao longo de seis meses de surto, o vírus já adoeceu 6.553 pessoas. 15% dos mais de 3.100 mortos pela doença eram menores de 15 anos. Esta é a maior epidemia de ebola desde a descoberta do vírus em 1976 no antigo Zaire, atual República Democrática do Congo.
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