'Chaves' destacou relação entre EUA e a América Latina, diz pesquisadora
Ludimila Stival Cardoso fez mestrado na UFG sobre programa de Bolaños.
Ela diz que personagens mostravam situação de países nos anos 70 e 80.
Chaves (Roberto Bolaños) posa ao lado dos personagens Jaiminho (Raúl
Padilla), Dona Clotilde (Angelines Fernández), Chiquinha (Maria
Antonieta de Las Nieves), Professor Girafales (Rubén Aguirre) e Dona
Florinda (Florinda Meza) (Foto: Divulgação/SBT)
Na criação dos personagens do programa 'Chaves', o humorista mexicano
Roberto Gómez Bolaños, que morreu nesta sexta-feira (28), fez uma
caracterização das relações entre os países da América Latina e os
Estados Unidos, segundo Ludimila Stival Cardoso, pesquisadora da
Universidade Federal de Goiás (UFG). Ela fez sua dissertação de mestrado
sobre o programa, publicada posteriomente no livro "É que me escapuliu:
o riso da gentalha!".Formada em relações internacionais, Ludimila pesquisou a fundo as características dos personagens do humorístico e mostrou como Bolãnos apresentava um humor com uma grande carga de crítica social embutida.
"Em todos os episódios o público ri de situações e problemas sociais que todos os países da América Latina carrega", destaca a pesquisadora. "A questão do déficit alimentar na América Latina, é muito caracterizada na figura do Chaves."
A pesquisadora Ludimila Stival Cardoso publicou
um livro com sua dissertação de mestrado sobre
Chaves (Foto: Arquivo pessoal/Ludimila Stival
Cardoso)
"O Senhor Barriga aparece como representante do lado Norte da América,
os Estados Unidos, que detém o dinheiro e os meios de produção. Ele é o
dono do local onde todos vivem e mostra uma representação da relação de
poder dos Estados Unidos em relação aos países da América Latina
principalmente nas décadas de 70 e 80."um livro com sua dissertação de mestrado sobre
Chaves (Foto: Arquivo pessoal/Ludimila Stival
Cardoso)
A pesquisadora destaca ainda a personagem Dona Florinda como países latino-americanos que já tiveram em boa situação, mas se encontravam em crise de pobreza e miséria nos 70 e 80, como a Argentina.
"O Sr. Madruga é um personagem emblemático. Ele é a representação dos países que sabemque estão em situação complicada mas sempre vai postergando pagamento da dívida, encontram formas de adiar resoluções que precisam tomar em seus países. Alguns autores até relacionam ele com o Brasil e também com o México, que já precisou declarar moratória."
Ludimila diz que um dos segredos do sucesso do programa por tanto tempo foi refletir a realidade das pessoas das classes C e D. "Além disso, a pessoa já sabe o que vai acontecer, e se sente segura para acompanhar o programa. Ter personagens adultos fazendo papel de criança e se colocando como criança, o jeito do olhar e de pronunciar as palavras, a roupa, traz identificação porque mostra a questão do humor não só infantil, mas ingênuo mesmo."
O corpo do humorista Roberto Bolaños que tinha 85 anos, será velado neste domingo (29) no estádio Azteca, na Cidade do México.
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