Madagascar, a ilha da alta biodiversidade e das espécies ameaçadas de extinção
HAROLDO CASTRO (TEXTO E FOTOS) DE MADAGASCAR
A exposição fotográfica “Viajologia, a arte de viajar” começa com
MADAGASCAR. Escolhi o país para ser o primeiro por uma única razão: sua
riqueza natural é incomparável.
Madagascar desprendeu-se do continente africano há 160 milhões de anos
e, deslizando pelo Oceano Índico, seguiu seu próprio caminho, gerando
plantas e animais que não são encontrados em nenhuma outra parte do
mundo. Os grandes mamíferos africanos – como elefantes, rinocerontes,
hipopótamos e felinos – jamais conseguiram cruzar o canal de Moçambique,
hoje com 400 km de largura. Nem mesmo cobras venenosas alcançaram a
ilha.Mas um primo longínquo nosso, depois de uma carona em algum tronco de árvore, desembarcou em Madagascar há uns 40 milhões de anos. Os lêmures se multiplicaram, se diversificaram e conquistaram os espaços que estavam vazios. Hoje, numa área exatamente do tamanho do Estado de Minas Gerais, existem cerca de 100 espécies e subespécies diferentes desse primata. Ficaram tão famosos que se transformaram em estrelas de desenhos animados.
Mostrar Madagascar significa revelar a singularidade dos lêmures. Uma das duas fotos que escolhi na exposição revela a elegância do varecia preto-e-branco (Varecia variegata). Ele é um dos maiores lêmures, podendo pesar 4 quilos e medir 120 cm. Infelizmente, devido à destruição do ecossistema do qual ele depende, o animal está criticamente ameaçado de extinção.
O melhor lugar para encontrar essas gigantescas árvores é a Alameda dos Baobás, na Reserva Florestal Kirindy, na costa oeste do país. Dezenas de árvores parecem formar um corredor e o conjunto compõe uma paisagem única no mundo. O baobá-de-Grandidier floresce entre maio e agosto; nessa época, uma espécie noturna de lêmure possibilita a polinização. O fruto amadurece em novembro e dezembro e é consumido amplamente pelas populações locais, devido ao alto teor de vitamina C da sua polpa.
O baobá-de-Grandidier também é considerado como ameaçado de extinção pela União Internacional da Conservação da Natureza, devido à transformação de seu habitat florestal em terras para a agricultura. Fora de seu ambiente, as sementes das árvores não conseguem germinar com o mesmo vigor.
Algo que me fascinou na foto foi o mimetismo que o réptil logrou realizar. As manchas de seu corpo são da mesma cor e textura que os liquens dos galhos. Pena que a tentativa de expelir a língua não surtiu efeito: se o camaleão tivesse conseguido agarrar um gafanhoto, certamente a imagem teria sido a escolhida.
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