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29 de novembro de 2014

Paulistas culpam governantes mais do que o clima pela seca no Estado

A população diz que a má gestão do serviço público e o desperdício são as principais causas da falta d'água, segundo pesquisa exclusiva feita pelo ReclameAqui

ALEXANDRE MANSUR
Represa Jaguari, uma das maiores do sistema Cantareira, que abastece São Paulo (Foto: Luis Moura / Parceiro / Agência O Globo)
 
Quais são as principais causas da crise de água que angustia São Paulo? A pedido de Época, o site ReclameAqui fez essa pergunta a seus usuários cadastrados. A enquete, elaborada junto com a fundação SOS Mata Atlântica, foi respondida por 17.111 pessoas do Estado de São Paulo.
Os participantes foram convidados a marcar, entre um grupo de opções, aquelas que, na opinião deles, estão entre as principais causas da crise de água em São Paulo. Era possível marcar mais de uma opção. A resposta mais frequente foi a má gestão do serviço público de água, com 79,15% das respostas. Em seguida, o desperdício, com 73,78% e a falta de chuvas com 63,91%.
Isso mostra que os cidadãos do estado não responsabilizam os caprichos de São Pedro ou os azares da vida pela seca. Para a maioria deles, decisões erradas dos governantes foram fatores mais importantes para problema atua. "Apesar dos alertas de pesquisadores, especialistas e integrantes dos comitês de bacias hidrográficas, que há anos apontam o problema, o planejamento até então era baseado em obras e não na gestão integrada dos recursos hídricos, o que contribuiu para o agravamento da crise~", diz Marcia Hirota, diretora-executiva da SOS Mata Atlântica. ""Esperamos que esse entendimento sobre a má gestão reflita agora num movimento de cidadania e de engajamento da sociedade na discussão. É importante que as pessoas passem a acompanhar o trabalho das autoridades e  se interessem em conhecer como é feita a gestão da água na sua cidade."
“Desperdício” foi o segundo ponto mais citado – foram 12.625 pessoas (73,78%). Isto demonstra que as pessoas estão atentas à importância da economia e uso racional da água. Entenderam, principalmente, que este é um bem finito, ao contrário do mito da abundância de água, e que o uso precisa ser feito com responsabilidade por todos, inclusive por parte do poder público.
Além disso, os aspectos ambientais da crise também foram confirmados pelos pesquisados. Entre as causas também marcadas como responsáveis pela crise estão as mudanças climáticas com 45,75% das respostas, o desmatamento da Mata Atlântica com 44,75% e a devastação da Amazônia com 41,22%. Os paulistas parecem bem informados. A falta de chuvas foi agravada por recordes de temperatura relacionados às mudanças climáticas e a falta de arborização urbana. O desmatamento na Mata Atlântica também ajudou a reduzir as chuvas e agora atrasa a recuperação dos reservatórios. Finalmente, o desmatamento na Amazônia tem o potencial para reduzir o fluxo de umidade para a região Sudeste, embora ainda não existam ainda evidências de que essa diminuição já seja expressiva.
O “desmatamento da Mata Atlântica” foi citado por 44,75% dos participantes", diz Marcia Hirota. "Isso reforça positivamente nosso trabalho há anos no desenvolvimento do Atlas da Mata Atlântica e evidencia o entendimento do papel da floresta para garantir água, a restauração florestal e a proteção das matas ciliares. Esse entendimentocontribui para potencializarmos a mobilização eenvolvimento de mais pessoas na causa ambiental."
Perguntatos pelo ReclameAqui, 90,87% dos respondentes afirmaram estar mito preocupados com a crise. Eles têm motivos.
>> Entenda a crise de água em São Paulo
>> Leia nossa cobertura completa sobre a crise


Resultados da pesquisa feita pelo ReclameAqui (Foto: divulgação )

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