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31 de janeiro de 2015

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Passou da hora de punir quem está furtando água

Em plena crise de água, polícia encontrou uma gráfica em São Paulo que desviava mais de 400 mil litros com uma ligação clandestina

BRUNO CALIXTO


Uma das represas do sistema Cantareira, em São Paulo (Foto: Andre Penner/AP)
A Polícia Civil descobriu, após uma denúncia anônima, que uma gráfica no Brás, bairro na região central de São Paulo, estava desviando água sem passar pelo hidrômetro e, desta forma, consumindo sem pagar. Em outras palavras, furtando água. O gerente da empresa foi preso em flagrante e liberado após pagar fiança. O portal G1 e o jornal Folha de S. Pauloexplicam a história.
A gráfica furtava a água por meio de uma ligação clandestina. Um cano puxava a água da rua diretamente para as caixas d'água do prédio, sem passar pelo hidrômetro e, portanto, sem ser contabilizada. A ligação foi provavelmente feita em uma reforma. Segundo a polícia, ela funciona há pelo menos seis meses, mas há a possibilidade de a água estar sendo desviada por até quatro anos.
Os números impressionam. A gráfica consumia uma média de 400 mil litros de água por mês, o equivalente ao consumo de 25 casas com quatro moradores. A conta era de apenas R$ 71,94, o mínimo para estabelecimentos comerciais. Se a empresa pagasse a água desviada, o valor estaria na casa dos R$ 3 mil.
Parece inacreditável que haja casos de furto de água enquanto São Paulo e grande parte do Sudeste vivem sua maior crise de abastecimento na história. Mas a verdade é que gatos como o da gráfica no Brás não são um caso isolado. Infelizmente, não temos o número de ligações clandestinas nas cidades brasileiras – ele é contabilizado como índice de perdas pelas empresas de abastecimento, sendo somado à quantidade de água desperdiçada em vazamentos. 
Segundo os dados mais recentes, o índice de perda de água da Sabesp está em 32%. Saber quanto dessa água é perdida em vazamentos e quanto está sendo furtada é fundamental para planejar como tornar o sistema de abastecimento mais eficiente, ainda mais neste momento em que o governo já fala abertamente sobre a possibilidade de racionamento.
Já passou da hora de as autoridades começarem a investigar esse tipo de furto e punir os responsáveis. Claro que pode haver casos em que o Estado simplesmente não chegou com o abastecimento ao local e famílias precisaram fazer ligações clandestinas para ter acesso à água. Mas não é esse o caso da gráfica, e não é impossível que outras empresas – até mesmo residências, condomínios – usem estratégias similares para diminuir seus gastos. Ações conjuntas entre a Sabesp e a Polícia Civil poderiam buscar essas ligações clandestinas, fechá-las e processar os responsáveis. Afinal, não é justo que no momento em que as autoridades pedem um sacrifício para toda a população, algumas empresas usem da má-fé para aumentar seus lucros.
Denúncias de furto de água em São Paulo podem ser feitas pelo número 181.

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