Células-tronco são decisivas para tratar doença imunológica, diz estudo
Do UOL, em São Paulo
Transplantes de células-tronco sanguíneas têm sido decisivos no tratamento de deficiências congênitas no sistema imunológico no Brasil.
É o que comprovou um estudo do Grupo de Trabalho de Transplante Pediátrico, da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO), apresentado neste mês, em San Diego, nos Estados Unidos.
O estudo avaliou 166 pacientes com doença do sistema imunológico primária, submetidos ao transplante entre 1992 e 2014, em dez diferentes centros transplantadores do país, entre instituições públicas e privadas.
A maioria dos pacientes era do sexo masculino, com menos de três anos de idade, visto que a doença se manifesta quase sempre de maneira precoce e apresenta alto índice de mortalidade, se não diagnosticada na fase inicial.
De acordo com a coordenadora do levantamento na UFPR (Universidade Federal do Paraná), Carmem Bonfim, o transplante de células-tronco sanguíneas é curativo na maioria dos casos de doenças imunológicas primárias.
"Esses resultados nos possibilitam obter referenciais de condutas terapêuticas e, com isso, aperfeiçoar e ampliar a capacidade de realização destes procedimentos em países como o Brasil", afirmou.
No caso da imunodeficiência combinada grave e da síndrome de Wiskott-Aldrich, a sobrevivência global em três anos foi de 60% e 79%, respectivamente. "Sem o transplante, a grande maioria dos bebês com imunodeficiência combinada grave morre antes de completar um ano de vida", esclareceu Carmem.
Diagnóstico tardio prejudica tratamento
Ela lamentou que, no Brasil, o maior problema ainda seja o diagnóstico precoce para o tratamento adequado, a tempo, dessas crianças.
"Faltam leitos e estrutura adequados para o transplante, mas estima-se que dezenas de crianças morram anualmente por não terem sido diagnosticadas a tempo de começarem o tratamento, ou mesmo o transplante", disse.
As doenças do sistema imunológico primárias somam ao todo mais de 200 tipos de males hereditários, e são quase todos raros. Elas alteram os mecanismos normais de defesa do organismo e aumentam as chances de infecções e outras doenças.
Apenas alguns centros são capacitados para realizar o procedimento no país. O primeiro transplante desse tipo, no Brasil, foi feito em 1992, no Hospital de Clínicas da UFPR.
(Flávia Villela; da Agência Brasil)
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