Pensando nisso, o UOL aproveitou o aniversário de 450 anos da cidade dita maravilhosa e convidou personalidades que atuam em dez áreas prioritárias para a cidade para fazer uma reflexão sobre como o Rio poderia melhorar e fazer jus ao título da marchinha que também é hino da cidade.
Entre as principais questões estão o saneamento, a necessidade de urbanização das favelas e de diminuição da desigualdade, que levaram o jornalista Zuenir Ventura no passado
a definir o Rio como uma "cidade partida".
Veja abaixo os principais pontos lembrados pelos entrevistados:
Dez pontos em que o Rio poderia ficar ainda melhor
Urbanização de favelas
"Não podemos imaginar que vamos viver para sempre em ilhas de fantasia com tanta pobreza em volta. A cidade é toda planejada para os moradores da orla, da parte mais rica, e os favelados estão abandonados à própria sorte. O acesso às favelas, a urbanização, isso também são direitos humanos, que são diretos fundamentais." (João Tancredo, presidente do Instituto de Defensores de Direitos Humanos)Foto: Caio Vilela/Divulgação BBC
Serviços
"O futuro do Rio está ligado aos serviços. Temos que valorizar a excelência no processo de trabalho. Não faz parte da nossa cultura. Seja por ter sido capital, um povo rebelde, as relações pessoais têm peso maior. Nós temos que ficar mais paulistas. Manter as qualidades e agregar profissionalismo. Podemos ser cordiais e ter excelência." (Sérgio Besserman Vianna, economista e professor da Puc-Rio)Foto: Rafael Andrade/Folhapress
Condição das escolas
"Se queremos ser maravilhosos, temos que ter professores maravilhosos, qualificados. Os professores desistem por conta das condições de trabalho, não só do salário. É preciso mudar a forma de ensinar. Hoje aprendemos em rede. As escolas devem estar ligadas com banda larga, equipadas com tecnologia, ter capacidade de interação." (Raquel Villardi, coordenadora da pós em políticas públicas da UERJ)Foto: Armando Paiva/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Saneamento
"Há primeiro a questão do saneamento e das políticas de habitação. Sem uma, outra não funciona. Praticamente todas as bacias hidrográficas estão transformadas em valões de lixo e esgoto. Em segundo, há a gestão dos ecossistemas que ainda resistem. Na Baía de Guanabara, não vejo melhora. Nas lagoas de Jacarepaguá, também não. A cada ano, afundamos mais em lixo." (Mário Moscatelli, ambientalista)Foto: Ana Carolina Fernandes/The New York Times
Desigualdade
"O Rio será tudo o que pode ser quando morro e asfalto expressarem somente topografias e culturas particulares, em vez de metaforizarem desigualdades obscenas. Quando cidadania e democracia prevalecerem contra políticos dos mais degradados do Brasil. Sou otimista: vem aí uma cidade ainda melhor, à altura dos nossos sonhos tão sonhados." (Mário Magalhães, jornalista, escritor e blogueiro do UOL)Foto: Marcelo Piu / Ag. O Globo
Violência policial
"A primeira providência para a cidade voltar a ser maravilhosa é ter uma política de segurança pública articulada e homogênea. Não é possível conviver com estratégias distintas para diferentes partes do Rio. A mensagem para a polícia precisa ser 'nós não vamos atirar primeiro e perguntar depois'." (Julita Lemgruber, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Cândido Mendes)Foto: Fernando Quevedo / Agência O Globo
Mobilidade
"Falta tratar o transporte como um todo. Valorizar pedestres, ciclistas e outras formas de deslocamento a propulsão humana são passos essenciais para uma mobilidade moderna. Algum esforço já vem sendo feito, mas de forma tímida. O sucesso da mobilidade urbana está na combinação de várias opções de transporte com o mínimo de energia." (Zé Lobo, diretor da ONG Transporte Ativo)Foto: Divulgação/Copenhagenize Design Co.
Sinalização
"As pessoas veem todo o turista gringo como se fosse rico, querem cobrar mais caro. Também falta sinalização. As pessoas chegam e não sabem como se locomover, os pontos de ônibus não tem informações em inglês e espanhol. Não há quem fale inglês em serviços básicos e cardápios são só em português. Nesse aniversário, o Rio fica devendo muito." (Thiago Firmino, guia turístico no morro Dona Marta)Foto: Jose Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo
Centralização da cultura
"Cada bairro deve ter sua própria oferta [de cultura]. O que vemos hoje é uma concentração na área central da cidade. A legislação é defasada e faltam editais com esse objetivo: o de ampliar o acesso à produção e à distribuição de serviços e bens culturais. Políticas de apoio à economia criativa em outros países tiveram êxito, com grande impacto econômico e social." (Leo Feijó, produtor cultural)Foto: Divulgação/Facebook
Cidade partida
"O Rio que eu gostaria de assistir é um Rio se tornando uma cidade sem tantas barreiras sociais. A cidade tem mudado à margem das necessidades mais prementes. O benefício dessas mudanças não será para a população que mais precisa. As obras não mudam isso. O grande legado de aniversário seria o Rio deixar de ser uma cidade partida." (Luiz Carlos Toledo, arquiteto e professor na Uerj)Foto: Pilar Olivares/Reuters
Fonte: UOL
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