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1 de março de 2015

Remédio contra o câncer comprado 


por US$ 7 mi pode valer US$ 18 bi

Robert Langreth e Brendan Coffey
Bloomberg
Um remédio esquecido que foi comprado há uma década por uma empresa de biotecnologia por meros US$ 6,6 milhões poderia se tornar um dos tratamentos contra o câncer mais vendidos de todos os tempos. Essas grandes expectativas estão levando a fabricante, a Pharmacyclics Inc., a considerar sua própria venda em um acordo que poderia chegar a valer US$ 18 bilhões.
A empresa, com sede em Sunnyvale, Califórnia, atraiu o interesse de companhias como a Johnson Johnson e a Novartis AG, informou a Bloomberg na quarta-feira. O câncer é uma das mais lucrativas áreas de desenvolvimento de remédios e o Imbruvica é um comprimido fácil de usar que custa cerca de US$ 100.000 por ano, evita certos efeitos colaterais graves da quimioterapia e pode ser usado pelos pacientes durante longos períodos de tempo.
O remédio também tornou bilionário o CEO Robert W. Duggan. Ele possui 13,5 milhões de ações, ou 18 por cento, da Pharmacyclics. Essa participação constitui a maior parte de seu patrimônio líquido de US$ 3,2 bilhões, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index. Ele acumulou a maioria das ações a um custo de US$ 42 milhões entre 2004 e 2011, quando utilizou suas participações para assumir um lugar no conselho e, por fim, o controle da companhia.
Calcula-se que o remédio entrará no grupo dos medicamentos oncológicos mais vendidos, com uma projeção de US$ 4,2 bilhões em vendas em 2019, de acordo com a média das estimativas dos analistas.
O Imbruvica "sem dúvida tem potencial para gerar uma receita como a do Gleevec", disse Brian Druker, diretor do Instituto Knight do Câncer, da Universidade de Ciências e Saúde de Oregon, em referência ao remédio contra a leucemia mieloide crônica, de US$ 4,75 bilhões, da Novartis. "É algo muito importante e as respostas foram incríveis" com a leucemia mieloide crônica, uma de suas várias aplicações.
Riscos
"Não era uma vitória garantida", disse Druker. "Foi preciso assumir riscos, ter visão e acreditar, experimentar com pacientes e ver o que aconteceria".
Em um estudo com 391 pacientes, o Imbruvica retardou significativamente o avanço da doença e reduziu em mais da metade a taxa de mortalidade entre pacientes que não tiveram sucesso com outros tratamentos ou que sofreram recaídas.
Assim como o Gleevec, a quantidade de pessoas que tomam o remédio tem potencial para aumentar enormemente ao longo do tempo, pois os pacientes que seguem esse tratamento vivem mais tempo. Além disso, o remédio poderia acabar substituindo a quimioterapia como tratamento inicial contra a leucemia linfoide crônica, disse Brian Skorney, analista da Robert W. Baird. A trajetória de vendas do Imbruvica "arrasou com todos os outros lançamentos oncológicos, à exceção do Avastin", fabricado pela Roche Holding AG, disse ele.
Histórico de investimentos
A venda da Pharmacyclics seria compatível com a trajetória de investimentos de Duggan. A partir do final da década de 1960, o bilionário investiu em dezenas de empresas, que depois vendeu. Entre elas estão a Cookie Muncher's Paradise, um negócio de panificação que agora faz parte da Panera Bread Co., e a MAG International BV, empresa do leste europeu de mídia exterior que ele vendeu em 2006 para a JCDecaux SA.
Duggan também é membro da Igreja da Cientologia. Ele é um dos maiores contribuintes dessa organização, com doações de pelo menos US$ 20 milhões, inclusive algumas ações da Pharmacyclics. Duggan confirmou sua participação na organização em 2013, mas se recusou a confirmar as doações.
"Para mim é uma honra e uma obrigação pessoal compartilhar meu sucesso financeiro com a Cientologia", escreveu ele em um e-mail enviado à Bloomberg News em 2013.
Título em inglês: Cancer Drug Once Bought for $7 Million May Now Fetch $18 Billion
Para entrar em contato com os repórteres: Robert Langreth, em Nova York, rlangreth@bloomberg.net; Brendan Coffey, em Boston, bcoffey10@bloomberg.net

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