Confira as musas que chocam e divertem o público no mundo da música pop
A cantora Miley Cyrus, que estrelou o
vídeo mais assistido do ano em todo do mundo, é um legítimo produto de
uma série de artistas fabricadas para divertir e chocar o público
Estado de Minas
Trinta anos atrás, uma então jovem cantora de 26 anos foi a sensação de uma apresentação do VMA, a premiação anual da MTV. Em 1984, aos 26 anos, Madonna, vestida com uma noiva sensual, cantou Like a virgin e rolou no chão para simular uma cena de sexo. Pois a cinquentona Madonna é quase uma carola perto de Miley Cyrus dançando nua em cima de uma bola de demolição e lambendo uma marreta. Não viu? Deve ser dos poucos, pois Wrecking ball foi um dos vídeos mais vistos do ano – já atingiu 435 milhões de visualizações no YouTube.
Desde então, a cantora, de 22 anos, acendeu um cigarro de maconha na premiação da MTV em Amsterdã; ajudou a popularizar o twerking, dança em que vale tudo, desde que se mexa muito o quadril e o traseiro (de deixar Carla Perez no chinelo); passou a adotar pouquíssima roupa no palco; deu várias declarações polêmicas. O resultado é mais do que visível: Miley Cyrus virou a artista do ano. No mundo virtual, já que suas desventuras no palco e fora dele foram registradas e compartilhadas vezes a perder de vista.
O título também lhe foi dado pela MTV, que a nomeou “nova rainha do pop”. Há muita ironia nisso, já que poucos anos atrás a própria Miley era a rainha do Disney Channel, com Hannah Montana, a personagem que tinha vida dupla: uma adolescente normal durante o dia e uma popstar quando caía a noite.
Ela é apenas mais uma saída do inocente mundo Disney a fazer da sensualidade, sua porta de entrada para o universo adulto. Britney Spears e Christina Aguilera também passaram por isso. Sua transformação está sendo preparada – e anunciada – desde 2012. Ao longo deste ano, cada passo seu foi filmado, fotografado e devidamente postado nas redes sociais. Quem acompanha a música pop sabe disso. É só olhar para trás e ver como a história vem se repetindo. Só que com mais apelo e menos talento.
Anos 1980
Madonna
A rainha-mãe, a despeito de seus 55 anos, continua dando um banho nas asseclas três décadas mais jovens. A permanência de Madonna no showbusinness deve-se, principalmente, a duas coisas: senso de oportunidade (que muitos chamam de oportunismo) e uma capacidade de antecipar. Ela fez tudo antes: falou e cantou o sexo sem preconceito; criou shows que são espetáculos audiovisuais; polemizou com a Igreja Católica; abraçou diferentes estilos musicais; fez cinema; lançou livro; mudou o corpo; apesar da voz sem alcance, sabe cantar sem exigir muito. Soube, como ninguém, catapultar sua carreira a partir de polêmicas e reinvenções de imagem.
Anos 1990
Britney Spears
Prato cheio para os paparazzi e divãs de analista, da colegial bem-comportada do hit Baby one more time até a mulher segura de Britney Jean, lançado no início deste mês, ela fez de tudo um pouco. Depois de se firmar como símbolo sexual, sofreu um bocado com o assédio e com más escolhas (pessoais e profissionais). Ficou morena, cortou os cabelos, ficou careca, fez reabilitação, casou e descasou, teve filhos. Sua carreira também entrou nessa roda-viva e, entre bons e maus resultados, hoje ela é mais reconhecida pelo passado do que pelo presente.
Christina Aguilera
Mesmo que tenha um vozeirão, Christina sempre perdeu para Britney. Sua primeira grande mudança de imagem foi com Stripped (2002), em que ela pintou o cabelo de negro, tirou boa parte da roupa, colocou piercings no corpo e cantou sobre anorexia, homossexualidade, bullying. Ficou gordinha, hoje é novamente magérrima e mostrou, até a semana passada, seus trinados em The voice. Na final, apareceu em dueto com Lady Gaga, sua (suposta) nova rival.
Jennifer Lopez
A revanche dos latinos. Até o furacão de ascendência porto-riquenha explodir, as divas pop eram baseadas no ideal anglo-saxão. Com seu traseiro avantajado e o corpo violão, J-Lo levou tanto para as paradas musicais quanto para Hollywood uma nova sensualidade, que foi explorada à exaustão. A música, propriamente dita, é um hip-hop com forte sotaque pop. Hoje sua carreira se baseia mais na moda, TV e cinema do que propriamente nos palcos.
Shakira
E se ela nunca tivesse deixado o país e a língua natal? A cantora colombiana, que hoje é vista ao lado de chefes de Estado, passou por grandes transformações para chegar até lá. Sua carreira teve início nos anos 1990. Cheinha, de gosto duvidoso, cantava um pop em espanhol que versava sobre dores de amores. Saiu da Colômbia, ganhou países latinos, mas só virou uma diva depois que abraçou o inglês, ficou loira, perdeu uns quilinhos, passou a requebrar e mostrar ao mundo um abdômen trabalhado na dança do ventre.
Anos 2000
Beyoncé
Ela rebola. Ela faz um trocar de pernas como ninguém. Ela canta, e muito, ainda que em meio a tanta produção, por vezes, a voz fique em segundo plano. Com pretensões a se tornar a Madonna negra, Beyoncé é a mais bem fabricada cantora do showbusiness norte-americano desta era. Começou a cantar aos 7 anos na Houston natal e o pai, sabedor do talento da filha, logo tratou de empresariá-la. Família, politicamente correta, viu seu nome se tornar ainda mais forte depois do casamento com o rapper Jay-Z. Hoje é a diva inconteste do R&B.
Lady Gaga
A melhor tradução da celebridade no mundo 2.0. O que seria de Stefani Germanotta não fossem as redes sociais? Pois nos últimos cinco anos ninguém soube “causar” mais do que Lady Gaga. Ela se aproximou primeiramente de um público de excluídos como ela, os chamados “little monsters” (pequenos monstros), que se reconheceram na loira de jeito andrógino. Vestiu (e principalmente desvestiu) em shows, festas, premiações. Roupa de carne, de papel, de cabelo, que voa, que sangra. Na música, não mais conseguiu hits tão bons quanto os iniciais Poker face e Bad romance. Até que... cansou.
Rihanna
Até Umbrella explodir mundo afora, muita gente nunca havia ouvido falar numa tal Barbados, ex-colônia britânica, conhecida pelas águas azuis e por ser mais um paraíso fiscal caribenho. Olhos verdes, corpo colossal e uma capacidade absurda de mudar corte de cabelo como quem troca de calça, Rihanna virou musa e ícone fashion a partir de 2007. Com o conturbado namoro com Chris Brown, foi parar nas manchetes policiais como mais uma vítima de abuso doméstico. Hoje, tudo superado, se tornou muito maior do que o rapper.
Anitta
E finalmente o Brasil conseguiu fabricar sua musa funkeira. Com nome inspirado em série global, a carioca Anitta (Larissa na carteira de identidade) alisou os cabelos, fez plástica no nariz, colocou silicone e protagonizou o Show das poderosas, que não saiu da lista das mais tocadas do ano. O funk domesticado de Anitta é como uma colagem safada de coisas ouvidas (e atualizadas) há muito: Kelly Key é referência imediata, passando por Rihanna e outras do gênero. Anitta tem pretensões além da música, já entrou para a Globo e quer cantar outras estilos. Até quando?
Estado de Minas
Trinta anos atrás, uma então jovem cantora de 26 anos foi a sensação de uma apresentação do VMA, a premiação anual da MTV. Em 1984, aos 26 anos, Madonna, vestida com uma noiva sensual, cantou Like a virgin e rolou no chão para simular uma cena de sexo. Pois a cinquentona Madonna é quase uma carola perto de Miley Cyrus dançando nua em cima de uma bola de demolição e lambendo uma marreta. Não viu? Deve ser dos poucos, pois Wrecking ball foi um dos vídeos mais vistos do ano – já atingiu 435 milhões de visualizações no YouTube.
Desde então, a cantora, de 22 anos, acendeu um cigarro de maconha na premiação da MTV em Amsterdã; ajudou a popularizar o twerking, dança em que vale tudo, desde que se mexa muito o quadril e o traseiro (de deixar Carla Perez no chinelo); passou a adotar pouquíssima roupa no palco; deu várias declarações polêmicas. O resultado é mais do que visível: Miley Cyrus virou a artista do ano. No mundo virtual, já que suas desventuras no palco e fora dele foram registradas e compartilhadas vezes a perder de vista.
O título também lhe foi dado pela MTV, que a nomeou “nova rainha do pop”. Há muita ironia nisso, já que poucos anos atrás a própria Miley era a rainha do Disney Channel, com Hannah Montana, a personagem que tinha vida dupla: uma adolescente normal durante o dia e uma popstar quando caía a noite.
Ela é apenas mais uma saída do inocente mundo Disney a fazer da sensualidade, sua porta de entrada para o universo adulto. Britney Spears e Christina Aguilera também passaram por isso. Sua transformação está sendo preparada – e anunciada – desde 2012. Ao longo deste ano, cada passo seu foi filmado, fotografado e devidamente postado nas redes sociais. Quem acompanha a música pop sabe disso. É só olhar para trás e ver como a história vem se repetindo. Só que com mais apelo e menos talento.
Anos 1980
Madonna
A rainha-mãe, a despeito de seus 55 anos, continua dando um banho nas asseclas três décadas mais jovens. A permanência de Madonna no showbusinness deve-se, principalmente, a duas coisas: senso de oportunidade (que muitos chamam de oportunismo) e uma capacidade de antecipar. Ela fez tudo antes: falou e cantou o sexo sem preconceito; criou shows que são espetáculos audiovisuais; polemizou com a Igreja Católica; abraçou diferentes estilos musicais; fez cinema; lançou livro; mudou o corpo; apesar da voz sem alcance, sabe cantar sem exigir muito. Soube, como ninguém, catapultar sua carreira a partir de polêmicas e reinvenções de imagem.
Anos 1990
Britney Spears
Prato cheio para os paparazzi e divãs de analista, da colegial bem-comportada do hit Baby one more time até a mulher segura de Britney Jean, lançado no início deste mês, ela fez de tudo um pouco. Depois de se firmar como símbolo sexual, sofreu um bocado com o assédio e com más escolhas (pessoais e profissionais). Ficou morena, cortou os cabelos, ficou careca, fez reabilitação, casou e descasou, teve filhos. Sua carreira também entrou nessa roda-viva e, entre bons e maus resultados, hoje ela é mais reconhecida pelo passado do que pelo presente.
Christina Aguilera
Mesmo que tenha um vozeirão, Christina sempre perdeu para Britney. Sua primeira grande mudança de imagem foi com Stripped (2002), em que ela pintou o cabelo de negro, tirou boa parte da roupa, colocou piercings no corpo e cantou sobre anorexia, homossexualidade, bullying. Ficou gordinha, hoje é novamente magérrima e mostrou, até a semana passada, seus trinados em The voice. Na final, apareceu em dueto com Lady Gaga, sua (suposta) nova rival.
Jennifer Lopez
A revanche dos latinos. Até o furacão de ascendência porto-riquenha explodir, as divas pop eram baseadas no ideal anglo-saxão. Com seu traseiro avantajado e o corpo violão, J-Lo levou tanto para as paradas musicais quanto para Hollywood uma nova sensualidade, que foi explorada à exaustão. A música, propriamente dita, é um hip-hop com forte sotaque pop. Hoje sua carreira se baseia mais na moda, TV e cinema do que propriamente nos palcos.
Shakira
E se ela nunca tivesse deixado o país e a língua natal? A cantora colombiana, que hoje é vista ao lado de chefes de Estado, passou por grandes transformações para chegar até lá. Sua carreira teve início nos anos 1990. Cheinha, de gosto duvidoso, cantava um pop em espanhol que versava sobre dores de amores. Saiu da Colômbia, ganhou países latinos, mas só virou uma diva depois que abraçou o inglês, ficou loira, perdeu uns quilinhos, passou a requebrar e mostrar ao mundo um abdômen trabalhado na dança do ventre.
Anos 2000
Beyoncé
Ela rebola. Ela faz um trocar de pernas como ninguém. Ela canta, e muito, ainda que em meio a tanta produção, por vezes, a voz fique em segundo plano. Com pretensões a se tornar a Madonna negra, Beyoncé é a mais bem fabricada cantora do showbusiness norte-americano desta era. Começou a cantar aos 7 anos na Houston natal e o pai, sabedor do talento da filha, logo tratou de empresariá-la. Família, politicamente correta, viu seu nome se tornar ainda mais forte depois do casamento com o rapper Jay-Z. Hoje é a diva inconteste do R&B.
Lady Gaga
A melhor tradução da celebridade no mundo 2.0. O que seria de Stefani Germanotta não fossem as redes sociais? Pois nos últimos cinco anos ninguém soube “causar” mais do que Lady Gaga. Ela se aproximou primeiramente de um público de excluídos como ela, os chamados “little monsters” (pequenos monstros), que se reconheceram na loira de jeito andrógino. Vestiu (e principalmente desvestiu) em shows, festas, premiações. Roupa de carne, de papel, de cabelo, que voa, que sangra. Na música, não mais conseguiu hits tão bons quanto os iniciais Poker face e Bad romance. Até que... cansou.
Rihanna
Até Umbrella explodir mundo afora, muita gente nunca havia ouvido falar numa tal Barbados, ex-colônia britânica, conhecida pelas águas azuis e por ser mais um paraíso fiscal caribenho. Olhos verdes, corpo colossal e uma capacidade absurda de mudar corte de cabelo como quem troca de calça, Rihanna virou musa e ícone fashion a partir de 2007. Com o conturbado namoro com Chris Brown, foi parar nas manchetes policiais como mais uma vítima de abuso doméstico. Hoje, tudo superado, se tornou muito maior do que o rapper.
Anitta
E finalmente o Brasil conseguiu fabricar sua musa funkeira. Com nome inspirado em série global, a carioca Anitta (Larissa na carteira de identidade) alisou os cabelos, fez plástica no nariz, colocou silicone e protagonizou o Show das poderosas, que não saiu da lista das mais tocadas do ano. O funk domesticado de Anitta é como uma colagem safada de coisas ouvidas (e atualizadas) há muito: Kelly Key é referência imediata, passando por Rihanna e outras do gênero. Anitta tem pretensões além da música, já entrou para a Globo e quer cantar outras estilos. Até quando?
Nenhum comentário:
Postar um comentário