RÉVEILLON
Valor de cachê gera polêmica na festa da virada de Jaboatão dos Guararapes
Mesmo em crise financeira, prefeitura paga R$ 345 mil para a cantora Cláudia Leitte se apresentar em Piedade na festa da virada
Prefeito Elias Gomes (PSDB) autorizou contratação de show para festividade no município
Hélia Scheppa/JC Imagem
O Recife tem mais do que o
dobro da população de Jaboatão dos Guararapes. Tem, portanto, mais
contribuintes e, pela lógica, mais recurso público. Porém, é a cidade
vizinha – com bem menos contribuintes – que pagou o maior cachê da
região para um artista em uma festa da virada deste ano. Para inaugurar a
nova orla de Piedade depois das obras de engorda, o prefeito Elias
Gomes (PSDB) desembolsou dos cofres públicos um cachê de R$ 345 mil a
cantora baiana Claudia Leitte, atração principal da noite do dia 31 de
dezembro. A patrocinadora oficial, a cervejaria Schin, incrementou o
montante com R$ 80 mil. Na festa de réveillon em Boa Viagem, na capital
pernambucana, a banda principal, Titãs, recebeu um cachê de R$ 275 mil.
Animado com a nova extensão da areia da
praia, o prefeito tucano tinha a expectativa de conseguir mais
patrocinadores para a festa da virada. Em Salvador (BA), vão ser quatro
dias de programação para a data – Claudia Leitte, inclusive, está na
programação – com 18 atrações ao todo. Juntos, os cachês dos artistas e
lá, como Caetano Veloso, Gal Costa e Daniela Mercury, somam R$ 2,2
milhões. A diferença é que tudo é pago pela patrocinadora, a mesma
cervejaria Schin.
A polêmica em torno do pagamento de
cachês a artistas com dinheiro público tem se arrastado por gestões, sem
distinguir partido. Em 2004, o ex-prefeito João Paulo (PT) imergiu numa
polêmica sem fim após pagar R$ 480 mil por um show da dupla Sandy e
Júnior, no Marco Zero. O caso está na Justiça. No Ceará, o governador
Cid Gomes (PROS) pagou R$ 650 mil para a cantora baiana Ivete Sangalo
fazer show na inauguração do Hospital da Região Norte, em Sobral.
Pela exorbitância do propósito e do
valor, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com ação civil pública
com base na “violação ao princípio da moralidade administrativa” e
“desvio de finalidade”. O órgão também pediu ao socialista a devolução
do dinheiro aos cofres públicos.
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