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1 de abril de 2014


De olho em R$ 1,5 milhão, BBBs deixam verdade de lado e agem como políticos

Roberto Shinyashiki
Especial para o UOL
  • Reprodução/TV Globo
    Vinte participantes e a repetição de tudo que sempre acontece no "BBB"
    Vinte participantes e a repetição de tudo que sempre acontece no "BBB"
Este "BBB" foi, sem dúvida, o que teve menor audiência e repercussão, apesar do esforço da Clara e da Aline para provocarem algum acontecimento que tirasse a previsibilidade do programa.
Beijo lésbico feminino e colocar o Bial no paredão talvez sejam novidades, mas, no geral, houve apenas a repetição de tudo que sempre acontece.
São 3 os fatores que criaram esse resultado:
 
1 - A Globo escolhe pessoas que façam o que se espera delas no programa. Se o beijo gay fez sucesso na novela, então se arruma um beijo gay no "BBB". Se é necessário que tenha gente bonita para aparecer nas festas e depois posar nu, então escolhe-se esse tipo de pessoa. Agora, não se pode esperar que elas passem a vida durante várias horas na academia, em baladas à noite, bebendo muito, que tenham tempo para ler algum livro significativo e de fazer alguma reflexão interessante.
 
2 - Os participantes falam e fazem o que acham que vai dar audiência, por isso você vai perceber que todos falam a mesma coisa quando são eliminados: "Eu fui eu mesmo, agi com o meu coração e vocês vão ver que eu sou do jeito que apareci no programa". Quase todos eles estão se lixando para serem verdadeiros, o que eles querem é ganhar o prêmio no programa e os cachês das festas que participarão depois que o programa acabar.
 
3 - A Globo orienta o programa para dar ao público o que as pesquisas mostram que interessa ao telespectador. Isso elimina a possibilidade de que surja algo novo que revolucione a mesmice do programa.
 
Como não tem ninguém com opinião própria, o "BBB" fica com gosto de repetição e não tem quem aguente ver o mesmo filme tantas vezes. Mas agir de acordo com o gosto do público para conseguir ganhar dinheiro não acontece somente no "BBB".
 
Todos vamos ver isso acontecendo no programa eleitoral que começa em agosto: os candidatos vão escolher palavras para agradar aos seus eleitores. Provavelmente, ninguém vai arriscar falar a verdade.
 
Vocês já imaginaram a Dilma falando no programa que as suas ações têm como objetivo permanecer no poder e para isso ela vai trabalhar para garantir as parcerias com Sarney, Michel Temer, Renan Calheiros, Fernando Collor e Paulo Maluf?
 
Ou o Aécio dizer as razões para ele não ter ido às ruas nas manifestações de junho, já que o PSDB é oposição?
 
Os principais candidatos vão falar o que os pesquisadores de opinião pública disserem para eles falarem e, por isso, só vamos conhecer suas verdadeiras propostas quando estourarem os escândalos pós-eleição.
 
Perto dos nossos candidatos presidenciais, os participantes do "BBB" parecem crianças do ensino fundamental tentando enganar o professor.
 
O pior reality show do Brasil começa em agosto! Mentir nesse programa de televisão garante prêmios de bilhões de reais. Cabe a nos eleitores colocar no paredão aqueles que não têm compromisso com a verdade.
 
*Médico psiquiatra com doutorado em Administração de Empresas pela FEA-USP, viaja o Brasil e o mundo como palestrante, liderando seminários e atuando como consultor para empresários, políticos e esportistas. É autor de vários best sellers, entre eles "Sucesso É Ser Feliz", "Problemas? Oba!" e "Louco Por Viver" e já vendeu mais 6 milhões de livros
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