“Curto um vinil, mas a música é mais preciosa que o formato”, diz crítico e produtor Miranda
O streaming representa o futuro da música, o vinil sobrevive graças ao fetichismo e as fitas K7 são uma m..., diz o crítico e produtor
BRUNO FERRARI
O produtor musical Carlos Eduardo Miranda acha que CDs têm de ser um produto mais elaborado e caro, que o vinil voltou por causa do fetichismo (mas já caiu de quatro pela qualidade de som de um bolachão), que os serviços de streaming -- transmissão contínua pela internet, como o Spotify -- representam o futuro da música e que as fitas cassete... bem, as fitas cassete são "uma bosta". Miranda critica as grandes gravadoras, mas acha que os serviços de streaming, para dominar o futuro, ainda precisam chegar a um modelo que inclua cobrança maior do usuário e conexões de internet melhores.
ÉPOCA - O senhor acha que o streaming é a tecnologia que irá “matar” as outras formas de distribuição de música?
Miranda - Nesse mercado, não se pode dizer que algo seja definitivo. Olha para a quantidade de formatos que surgiram e morreram nas últimas décadas. Estava recentemente numa viagem com uma galera que usa Spotify. Não tinha Wi-Fi e a rede de celular estava horrível. Sabe quem tinha música para tocar? Eu, porque tinha umas faixas em MP3 baixadas no meu telefone. Estamos vivendo um período de mudança. O futuro está nos serviços de streaming? Acho que disso ninguém duvida. Mas só acontecerá quando o Wi-Fi deixar de ser algo em temos de pensar antes de conectar. A tecnologia precisa “deixar de existir”. Precisa ser estável e estar acessível em qualquer lugar, como ocorre com a energia elétrica. Enquanto isso não ocorrer, o streaming será algo para gente com dinheiro que vive em grandes cidades.
Miranda - Nesse mercado, não se pode dizer que algo seja definitivo. Olha para a quantidade de formatos que surgiram e morreram nas últimas décadas. Estava recentemente numa viagem com uma galera que usa Spotify. Não tinha Wi-Fi e a rede de celular estava horrível. Sabe quem tinha música para tocar? Eu, porque tinha umas faixas em MP3 baixadas no meu telefone. Estamos vivendo um período de mudança. O futuro está nos serviços de streaming? Acho que disso ninguém duvida. Mas só acontecerá quando o Wi-Fi deixar de ser algo em temos de pensar antes de conectar. A tecnologia precisa “deixar de existir”. Precisa ser estável e estar acessível em qualquer lugar, como ocorre com a energia elétrica. Enquanto isso não ocorrer, o streaming será algo para gente com dinheiro que vive em grandes cidades.
ÉPOCA - Alguns artistas, como a cantora Taylor Swift, criticam o modelo de divisão de receita dos serviços de streaming. O senhor o acha sustentável?
Miranda - Acho muito barato. Não vai durar muito se continuar assim, porque a remuneração para artistas e gravadoras é pequena. Não serão os R$ 15 por mês, mas também não será algo muito além. Antigamente, quem comprava mais do que 4 CDs no mês? Tirando gente viciada em música, ninguém gastava mais de R$ 100 em CDs por mês. Vai ter algum preço que vai agradar a todos. Ainda assim, não penso que serão esses serviços que são populares hoje que irão comandar o avanço do streaming.
Miranda - Acho muito barato. Não vai durar muito se continuar assim, porque a remuneração para artistas e gravadoras é pequena. Não serão os R$ 15 por mês, mas também não será algo muito além. Antigamente, quem comprava mais do que 4 CDs no mês? Tirando gente viciada em música, ninguém gastava mais de R$ 100 em CDs por mês. Vai ter algum preço que vai agradar a todos. Ainda assim, não penso que serão esses serviços que são populares hoje que irão comandar o avanço do streaming.
ÉPOCA - Quais serviços farão isso, então? Quem vai comandar a indústria da música no futuro?
Miranda - A indústria fonográfica morreu e precisa se reinventar. O que a gente vê ai entre as grandes gravadoras é uma capenguice desenfreada. Quase uma pegadinha do malandro. Essa coisa de concentrar quase tudo em marketing e deixar o conteúdo em segundo plano vai se mostrar insustentável no futuro. Depois que tudo mudar, acredito que vai ser parecido com o que vivemos décadas atrás. Antigamente, não havia grandes conglomerados de gravadoras. Havia pequenos selos que foram se fundindo com o passar do tempo. A tendência é tudo se desmantelar novamente e reagrupar em pequenos serviços de streaming, que oferecerão música de qualidade por um valor mais acessível.
Miranda - A indústria fonográfica morreu e precisa se reinventar. O que a gente vê ai entre as grandes gravadoras é uma capenguice desenfreada. Quase uma pegadinha do malandro. Essa coisa de concentrar quase tudo em marketing e deixar o conteúdo em segundo plano vai se mostrar insustentável no futuro. Depois que tudo mudar, acredito que vai ser parecido com o que vivemos décadas atrás. Antigamente, não havia grandes conglomerados de gravadoras. Havia pequenos selos que foram se fundindo com o passar do tempo. A tendência é tudo se desmantelar novamente e reagrupar em pequenos serviços de streaming, que oferecerão música de qualidade por um valor mais acessível.
ÉPOCA - Os vinis ressurgiram nos últimos anos. Isso pode ocorrer com outros formatos antigos de distribuição, como CDs e fitas K7?
Miranda - Eu não uso fita K7 porque não tenho mais toca-fita, mas ainda tenho muita fita guardada. Não que eu goste. Na verdade, acho o K7 uma bosta. De qualquer forma, a música é mais preciosa que o formato. Existe muito fetiche. Tem muita gente que paga R$ 60 numa camiseta de banda, mas não paga R$ 30 num CD com capinha vagabunda. Essa coisa do fetiche explica o ressurgimento do vinil. Eu sempre tive meu vinilzinho. Nunca deixei de ouvir, mas nunca fiquei “Ohhhh! Vinil, vinil!”. Até o dia que eu coloquei um no meu som e caí de joelho com a qualidade. As novas materializações têm uma qualidade espetacular. Daí vale a pena pagar para ter essa experiência. Já CD eu vejo cada vez menos. Como executivo de gravadora, sempre prezo por um CD mais requintado, mais elaborado e mais caro. Acho que o CD tem de ser algo assim, que possa ser mais caro, porque barato por barato, tem coisa de graça na internet.
Miranda - Eu não uso fita K7 porque não tenho mais toca-fita, mas ainda tenho muita fita guardada. Não que eu goste. Na verdade, acho o K7 uma bosta. De qualquer forma, a música é mais preciosa que o formato. Existe muito fetiche. Tem muita gente que paga R$ 60 numa camiseta de banda, mas não paga R$ 30 num CD com capinha vagabunda. Essa coisa do fetiche explica o ressurgimento do vinil. Eu sempre tive meu vinilzinho. Nunca deixei de ouvir, mas nunca fiquei “Ohhhh! Vinil, vinil!”. Até o dia que eu coloquei um no meu som e caí de joelho com a qualidade. As novas materializações têm uma qualidade espetacular. Daí vale a pena pagar para ter essa experiência. Já CD eu vejo cada vez menos. Como executivo de gravadora, sempre prezo por um CD mais requintado, mais elaborado e mais caro. Acho que o CD tem de ser algo assim, que possa ser mais caro, porque barato por barato, tem coisa de graça na internet.
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