Flip, dia 1: Debate entre os jovens autores Eleanor Catton e Joël Dicker foi o destaque
DANILO VENTICINQUE,
DE PARATY
O evento começou de verdade nesta quinta-feira, com as primeiras mesas dedicadas à literatura. O poeta Charles Peixoto, a escritora Eliane Brum e o poeta e ator Gregorio Duvivier empolgaram o público num debate sobre prosa e poesia. Em seguida, o escritor Vladímir Sorokin, primeiro russo a participar de uma Flip, falou sobre literatura russa e política ao lado da ensaísta americana Elif Batuman. Sorokin comparou a experiência de ler Dostoiévski a uma "carnificina psicológica" e criticou o estilo do autor. "Ele escrevia muito rápido e às vezes nem relia o que escrevia. Nabokov odiava Dostoiévski", diz. Noutro momento, comparou a importância da literatura russa ao poder transitório de seus governantes. "Putin vem e vai. O romance fica."
O destaque do dia foi a mesa das 17h15, que reuniu dois dos nomes mais incensados da literatura atual. De um lado, Joël Dicker, o escritor suíço de 29 anos que vendeu mais de 2 milhões de exemplares e ainda arrebatou a crítica com seu romance policial A verdade sobre o caso Harry Quebert. Do outro, a neozelandesa Elanor Catton, de 28 anos, que venceu o Man Booker Prize com Os luminares, também um livro de mistério, com mais de 800 páginas. Numa mesa intitulada "Fabulação e mistério", os dois apresentaram suas obras, leram trechos selecionados e explicaram o caminho que percorreram para definir a estrutura de seus romances. O escritor José Luiz Passos desempenhou um papel clássico em eventos literários: o de mediador que fala mais do que os mediados. Mesmo assim, suas perguntas renderam boas declarações dos dois. Catton descreveu a experiência de escrever Os luminares como "difícil, mas recompensadora", e deu uma bela definição de suspense na literatura: "O livro de mistério é fundamentalmente um livro sobre o leitor, para o leitor, voltado para os desejos do leitor". Dicker discorreu sobre a verdade e a história na ficção policial. “Queria mostrar não apenas uma verdade, mas a verdade de todos os personagens”, disse ele sobre o livro.
Na sexta-feira, a não-ficção promete ser a principal atração, com o americanos Michael Pollan, escritor e ativista especialista em comida, e Andrew Solomon, famoso por seus livros sobre psicologia.
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