Testemunha acusa Kassab de receber fortuna da Controlar
A testemunha não apresentou provas e os acusados negam irregularidades
Da Agência Estado
Em depoimento ao Ministério
Público Estadual (MPE), uma testemunha protegida disse ter ouvido que o
ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD) recebeu “verdadeira
fortuna” da Controlar, empresa responsável pela inspeção veicular, e que
o dinheiro ficou guardado em seu apartamento. Ex-secretário de Finanças
de Kassab, Mauro Ricardo também é citado. A testemunha não apresentou
provas e os acusados negam irregularidades.
Conforme adiantado pelo portal
Estadao.com ontem, a testemunha relatou fatos que teriam sido narrados
por Ronilson Bezerra Rodrigues, apontado como líder da máfia do Imposto
Sobre Serviços (ISS). Ele afirmou que Kassab pediu ajuda ao empresário
Marco Aurélio Garcia, irmão do secretário de Estado de Desenvolvimento
Econômico, Rodrigo Garcia, para levar o dinheiro até uma fazenda em Mato
Grosso. Kassab nega e classifica as acusações como “fantasiosas”.
Ainda segundo o relato, Ronilson disse à
testemunha protegida, “em tom de anedota”, que o avião “teve
dificuldade de decolar em razão da quantidade de dinheiro embarcada”.
O depoimento da “testemunha Gama” consta
do Procedimento Investigatório Criminal (PIC) 03/2013 do MPE, presidido
pelo promotor Roberto Bodini, e foi anexado aos autos no dia 19 de
dezembro.
O contrato com a Controlar é alvo de
outra ação do MPE. A contratação da empresa, em 2007, foi feita a partir
de uma licitação da gestão Paulo Maluf (PP), em 1996. Para o órgão,
deveria ter sido feita uma nova concorrência. Kassab é um dos réus no
processo criminal.
LIGAÇÕES - A testemunha relatou estreita
ligação entre Kassab e Ronilson. Disse que o escritório que os fiscais
da máfia do ISS frequentavam, no Largo da Misericórdia, centro da
capital, chamado de “ninho”, era usado por Kassab antes de a máfia
ocupar o imóvel. O locatário da sala é Marco Aurélio. Seu irmão, o
secretário Garcia, foi durante anos o principal aliado político e sócio
do ex-prefeito. Ambos faziam campanha eleitoral juntos e só romperam
politicamente em 2011.
Conforme o relato, Kassab chegou a
ignorar denúncias de corrupção na Secretaria Municipal de Finanças, a
pedido de Ronilson. “Em dada situação, Gilberto Kassab recebeu uma fita
de filmagem em que um auditor fiscal havia achacado uma empresa de
segurança. Diante daquela prova cabal de corrupção, Ronilson pediu que
Kassab não prosseguisse com a investigação porque o auditor seria um
amigo seu. Kassab acolheu a justificativa, mas determinou que Ronilson
‘segurasse seu pessoal, pois estamos em ano eleitoral’”.
Em outro trecho, a testemunha afirma que
“Kassab pediu que Ronilson fosse a uma reunião com representantes de
empresas no restaurante Girarrosto. Ronilson perguntou a Kassab do que
se tratava e o prefeito disse: ‘Vai lá e resolve, cumpra as minhas
ordens’.
Ronilson foi até o local e inteirou-se
do assunto, descobrindo que na verdade era um pedido para que fosse
abortada uma fiscalização em um determinado estabelecimento. Ronilson
cumpriu a ordem”. O relato segue. “Kassab perguntou para Ronilson quanto
poderia ser cobrado da empresa e Ronilson disse que poderiam ser
cobrados milhões.”
Os fatos trazidos pela testemunha serão
analisados pelo MPE. Dada à proximidade com Ronilson, a “testemunha
Gama” é tida como peça-chave do caso da máfia do ISS.
SECRETÁRIO - Os pedidos de suspensão de investigações não eram feitos apenas por Kassab, segundo a testemunha.
Mauro Ricardo, ex-secretário de Finanças
da gestão passada e chefe de Ronilson, também pedia favores dessa
natureza, segundo o relato. A “testemunha Gama” citou um caso em que a
empresa de outro funcionário de confiança da secretaria era
investigada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário