Ao Vivo

31 de maio de 2014

Mais sexo pelo celular e menos ao vivo

JAIRO BOUER
Um novo estudo divulgado na Austrália recentemente mostrou que, apesar do número elevado de adolescentes que mandam e recebem textos e imagens com conteúdo sexual explícito (ou sexting) pela internet, o início da vida sexual acontece mais tarde.
Um dos principais temores era que mandar e receber mensagens de conteúdo sexual fosse uma das formas de erotização precoce de crianças e jovens. Isso poderia antecipar o ingresso na vida sexual e aumentar a promiscuidade, numa idade em que eles não estão maduros o suficiente para lidar com sua sexualidade.
Não foi isso que o estudo mostrou. A pesquisa, feita pelo Departamento Federal de Saúde, envolveu 2.100 jovens de 436 escolas australianas. Em sua quinta edição, a pesquisa mostra que, em 2013, os jovens de 15 a 17 anos retardaram o início da vida sexual e, em média, tiveram menos parceiros sexuais que na versão anterior do levantamento, de 2008.
Apesar de 70% dos estudantes do ensino médio já terem mandado mensagens de conteúdo erótico, de 84% já terem recebido esse tipo de mensagem e de mais da metade deles enviar imagens em que estavam nus ou seminus, a atividade sexual desacelerou. No 1º ano do ensino médio, 23% dos alunos já tinham feito sexo com penetração. No 3º ano, o número é de 50%. Em 2008, esses números eram 27% e 56%, respectivamente.
Pela primeira vez, essa pesquisa avaliou o impacto da internet na vida sexual dos jovens. Um em cada cinco afirmou usar Facebook, Instagram ou Twitter com finalidades sexuais.
Os pesquisadores acreditam que o uso da internet como espaço de encontro e troca de mensagens com conteúdo sexual é um fenômeno esperado para essa geração. A tendência pode ser entendida até como uma nova modalidade de paquera.
O trabalho mostra que talvez a internet seja hoje um espaço de ensaio e experimentação dos jovens. É na troca de mensagens, às vezes com conteúdo mais apimentado, e no uso de imagens mais provocativas que o jovem pode começar a aproximação com seus possíveis parceiros.
O importante é discutir com os jovens, em casa e na escola, sobre os riscos reais da aproximação por meio das redes sociais e sobre os perigos da exposição e do compartilhamento de imagens íntimas. A qualidade do trabalho de educação sexual na escola foi uma reclamação comum entre os jovens entrevistados. Sobra informação sobre biologia e sobre a “mecânica” do sexo. Faltam discussões sobre as emoções envolvidas. Será que tudo isso acontece só na Austrália? Acho que não.

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