Pablo Escobar: vida e morte de um traficante
Uma série de TV sobre o colombiano mostra um assassino que aterrorizou seu país – e foi parar na lista de bilionários da Forbes
MARINA FINCO E IVAN MARTINS
O nome de Pablo Escobar, um dos narcotraficantes mais famosos do mundo,
voltou a ser notícia, 21 anos depois de sua morte. Desta vez, Don
Pablo, como era conhecido na Colômbia, não é o responsável por uma
cruzada quase inacreditável de crimes, mas protagonista de uma série de
televisão. Na segunda-feira, dia 15, estreou Pablo Escobar: o senhor do tráfico,
no canal a cabo +Globosat. Produzida pela empresa colombiana Caracol
TV, a série terá 74 episódios, exibidos de segunda a sexta-feira. Ela
narra a vida de Escobar desde sua infância, na cidade de Rionegro, até
sua morte, em 1993, depois de uma perseguição policial pelos telhados de
um bairro de classe média na cidade de Medellín, sede de seu império
criminoso.
Baseada no livro La parabola de Pablo, do jornalista Alonso Salazar, essa é a maior produção televisiva feita na Colômbia. Na ânsia de ser fiel à realidade, foi escolhido um ator semelhante fisicamente a Escobar, André Parra. Além dele, outros 1.300 atores participaram da produção. Foram usadas 450 locações, entre Miami, Bogotá e Medellín. Em 2012, a estreia colombiana em canal aberto bateu recordes de audiência, com 11 milhões de telespectadores. Mesmo assim, sofreu críticas por fazer apologia à figura de Escobar. Nos anos 1980, no auge de sua atuação, ele aterrorizou o país e conseguiu controlar 80% do tráfico internacional de cocaína. Chegou a figurar na lista dos dez homens mais ricos do mundo da revista Forbes, embora fosse um facínora sanguinário.
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Escobar, como tantos bandidos violentos antes dele, cultivou a fama de Robin Hood entre os moradores de Medellín. “Ele parecia generoso para os miseráveis”, diz Fernando Torres-
Ludoño, professor de história de América Latina da PUC-SP. “Financiou quadras de futebol e construiu uma imagem de homem de família.” Ao lado do carisma, florescia a personalidade violenta de Escobar. Estima-se que foi responsável por 4 mil mortes (alguma espécie de recorde para um criminoso comum). “Com o tempo, acabou se perdendo”, diz Torres-
Ludoño. “Morreu sozinho, descalço, fugindo.” Tinha 44 anos. A série tenta equilibrar seus dois lados. “Mostramos as consequências de seus crimes, não apenas para o povo e para o país, mas para o próprio Pablo, na esperança de que nunca mais aconteça”, diz Juana.
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“Hoje, há mais flexibilidade para explorar o comportamento desses personagens”, afirma Maureen Ryan, crítica de televisão do site Huffington Post. “O comportamento transgressor é atraente, principalmente se as ações do personagem são, de alguma forma, justificáveis. Mas os grandes shows nunca deixam esquecer que o personagem principal não é alguém que você queira imitar. Questionam nossa simpatia por eles.” Como Pablo Escobar – que matou, sequestrou e transformou a vida de uma geração de colombianos num inferno – será percebido pelos brasileiros?
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