Ao Vivo

30 de setembro de 2014

Miley Cyrus e os pais

Para acompanhar os filhos, fãs da cantora, eles enfrentam trânsito, chuva e excesso de referências sexuais no show da ex-estrela infantil

FELIPE GERMANO
A cantora Miley Cyrus em São Paulo (Foto: Sidinei Lopes/ÉPOCA)
Faixas na cabeça, camisetas temáticas e gritos frenéticos viraram parte da paisagem da Arena Anhembi na sexta-feira (26). O local foi palco da apresentação de Miley Cyrus em São Paulo, que contou com um público de 20 mil pessoas. Entre elas, era possível ver as mais diversas tribos. Parte da plateia era composta por jovens de 20 poucos anos, atraídos pela linguagem polêmica e extrovertida da cantora, outra parte era formada por crianças e adolescentes, que viam em Miley o ídolo adolescente da atual geração. Apesar de estar em menor número, um grupo se destacava dos demais. Eles eram mais altos que a maioria, pulavam bem menos, estavam quase sempre com capas de chuva e eventualmente apareciam com cabelos grisalhos. Eram os pais.
>> Boa moça? Miley Cyrus exige camarim sem álcool e com comida orgânica no Brasil
  •  
Pai e filha: Odilo Coutinho e Camila, no show de Miley Cyrus (Foto: Felipe Germano/ÉPOCA)
Seja para ficar de olho nos filhos, ou pelo fato de que só era possível ir desacompanhado a partir dos 14 anos, os pais acabaram se tornando presenças notáveis durante a apresentação. Odilo Coutinho, de 40 anos, é um exemplo. Fã de Metallica, o securitário acompanhava a filha Camilia, de 14 anos. Não pela primeira vez. “Fomos no show da Avril Lavigne, no começo do ano. Nem eu e nem ela gostamos muito, mas tudo bem”, afirma.
>> Um vídeo de pais entristecidos em shows do One Direction
Quando o assunto são shows da sua preferência, a agenda é outra. A última vez que Coutinho foi a uma apresentação por livre e espontânea vontade, o calendário marcava uma data 20 anos atrás. “Foi um Rolling Stones no Pacaembu, em 1995. Lembro que choveu bastante, mas foi muito bom”. Apesar do passado rockeiro, ele jura que curtiu o show da jovem cantora e provocadora Milye Cyrus. “Foi ótimo. Achei até que ia ser mais agitado, mas há partes muito bonitas.” Miley é conhecida por ser ousada e extremamente sensual. No videoclipe de "WreckingBall", a cantora aparece nua em cima de uma bola de demolição, lambendo uma marreta. Pouco sutil. Durante o show, há diversas referências à maconha e sexo, inclusive com a presença de objetos fálicos e  presença constante de mãos na genitália. “Vi alguns pais que não gostaram porque ela estava fazendo tudo aquilo com várias crianças na plateia. Teve até um pênis de borracha. Assusta? Assusta alguns pais, mas é o show”, afirma Coutinho.
Mães amigas: Eliane Starari e Suelina Hashimoto levaram as filhas Gabriela e Maria Vitória (Foto: Felipe Germano/ÉPOCA)
A maioria dos pais estava preparada para apresentação e não se chocou. Muito. “Não tenho medo que influencie minha filha negativamente. Isso depende de conversa, falar sobre o que pode e o que não pode. Acabou influenciando a mim. Fiquei com vontade de cortar o cabelo igual ao dela”, afirma a bancária Eliani Starari, de 49 anos, que acompanhava a filha Gabriela, de 12 anos. Acompanhava em partes, já que ao entrarem no local do show, sua filha e uma amiga se separaram das mães. “Vim porque minha filha é menor de idade, mas foi à toa, porque elas foram para pista e a gente não ficou com elas”, diz Suelina Hashimoto, mãe de Maria Vitória, de 13 anos.
Tio responsável: Laura e Giovana recorreram ao tio Olindo para acompanhá-las ao show de Miley Cyrus (Foto: Felipe Germano/ÉPOCA)
Sobrou até mesmo para quem não era pai. Quando as crianças querem muito ir e seus responsáveis não se sentem tão empolgados assim, resta aos fãs procurarem alternativas. As irmãs Laura e Giovana Caverzan, de respectivamente 15 e 13 anos, se encaixam nessa categoria. As estudantes foram acompanhadas do tio, Olindo Caverzan Jr., de 32 anos. “Os pais não quiseram vir, são mais velhos, não gostam, e não querem mais sair.”, afirma o publicitário que estava descobrindo ao vivo a estrela de suas sobrinhas. “Eu gosto de popstars. Sou fã de Madonna, Katy Perry, mas a Miley Cyrus e não conheço muito.”
Ao fim, entre gritos, cenografia com apologias e hits de rádios, os pais acabam ganhando. O fato de as músicas não serem as preferidas dos mais velhos é notada por seus filhos. E eles valorizam o esforco. Quando eu perguntei a Countinho por que ele tinhaf feito o esforço, num dia de chuva e congestionamento, a filha respondeu por ele. “Porque ele me ama”, afirmou Camila.
  •  
A cantora Miley Cyrus em São Paulo (Foto: Sidinei Lopes/ÉPOCA)
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário